Dengue impacta mais mulheres pretas e pardas no Brasil

Grupo lidera estatísticas de casos prováveis da doença, representando 26% do total nacional

Por Plox

24/02/2024 09h22 - Atualizado há 7 meses

Mulheres pretas e pardas emergem como o segmento mais vulnerável à dengue no Brasil em 2024, de acordo com os mais recentes dados divulgados pelo Ministério da Saúde. Este grupo representa 26% do total de suspeitas da doença, com 193,2 mil casos prováveis registrados até agora, em meio a quase 741 mil casos em todo o país. A doença já resultou na morte de 151 pessoas este ano, com outros 501 óbitos sob investigação.

A vulnerabilidade por idade e gênero

A análise detalhada revela uma preocupação particular com mulheres entre 30 e 59 anos, que mostram maior suscetibilidade ao vírus. Além disso, o aumento exponencial de casos — um salto de 294% em relação ao mesmo período do ano anterior — acende um alerta para a saúde pública, especialmente considerando o recorde de mortes registrado em 2023.

Gestantes em risco

A situação é ainda mais grave entre as gestantes, para quem o risco de morte se multiplica por quatro, assim como as chances de mortalidade fetal ou neonatal. A recomendação é clara: mesmo com sintomas leves, a internação para acompanhamento médico se faz necessária.

Desigualdades raciais e socioeconômicas

As mulheres compõem 55,1% dos casos prováveis, com a população parda sozinha representando 42% do total. Somando-se aos registros da população preta, o percentual alcança 47,7%. Em contraste, a população branca contabiliza 34,5% dos casos, enquanto os indígenas figuram como o grupo menos afetado, com apenas 0,22%.

Rita Helena Borret, médica e pesquisadora, enfatiza a correlação entre a prevalência da dengue e a falta de iniciativas preventivas nos territórios mais vulneráveis. Ela destaca a necessidade de uma ação contínua do Estado para combater os focos do mosquito Aedes aegypti, especialmente em áreas onde predominam moradias precárias, habitadas majoritariamente por mulheres negras.

O desafio da prevenção

A prevenção da dengue esbarra na procriação do Aedes aegypti, que encontra nas periferias urbanas um ambiente propício devido à irregularidade no fornecimento de água e à deficiência na coleta de lixo. Rivaldo Venâncio da Cunha, da Fiocruz, ressalta a importância de medidas de saneamento básico e gestão de resíduos para mitigar os riscos.

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