Indígenas querem impedir que demarcação de terras vá para a Agricultura

Reivindicação principal do movimento é impedir no Congresso a aprovação de uma medida provisória que transfere a demarcação

Por Plox

24/04/2019 13h32 - Atualizado há quase 5 anos

Cerca de mil indígenas participam do ‘Acampamento Terra Livre’, que já é realizado há 15 anos por esses grupos. Eles ocuparam nesta manhã de 24 de abril, a Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Apesar de o ato ser pacífico, a Polícia Militar solicitou, após negociação, que os índios se encaminhassem para os arredores do Teatro Nacional.

O líder Hawaty Arfer Jurum Tuxá informou que a mudança de local do acampamento foi acordado com o governo.  A manifestação contou com a presença de idosos e até de crianças, alguns deles enfrentaram 15 dias de estrada.

Agência Brasil

Foto: Agência Brasil

Principais demandas

Líderes se encontraram com Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado nesta manhã. O coordenador da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, Lindomar Terena, disse que a reivindicação principal do movimento é impedir no Congresso a aprovação de uma medida provisória que transfere a demarcação das terras indígenas para o Ministério da Agricultura, e muda a Fundação Nacional do Índio (Funai) do Ministério da Justiça para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, encabeçado por Damares Alves.

O indígena declarou que a demanda não é a única, mas a prioritária da manifestação. "É uma demanda que preocupa. Por parte do presidente do Senado, ficou o compromisso dele de ajudar no retorno da Funai para o Ministério da Justiça”, argumentou Terena.

Índios protestam em Brasília- Foto: Agência Brasil

Indígenas em Brasília- Foto: Agência Brasil

Sem a Força Nacional

Durante uma coletiva de imprensa, o porta-voz presidencial, Otávio Rêgo Barros, disse que o governo quer possibilitar o acesso direto dos índios aos diversos órgãos federais, “a fim de ouvir problemas e capturar sugestões, esclarecer e fazer todo o esforço para solucionar os desafios e melhorar as condições de vida dos brasileiros indígenas”.

Na semana passada, foi publicada uma portaria dando autorização para a Força Nacional atuar na Esplanada dos Ministérios por 33 dias. A medida seria preventiva contra protestos de movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e até o Abril Vermelho, na área central de Brasília.

No entanto, hoje, não há a presença da Força Nacional, apenas Polícia Militar do estado. A autorização da Força Nacional não foi bem aceita pelos indígenas, que afirmaram não terem vindo de tão longe para fazer arruaças em Brasília e que a intenção não é “afrontar”. Hawaty Arfer Jurum Tuxá acrescentou que alguns vandalismos praticados na edição de 2018 se tratam de casos isolados e sem relação com o Abril Vermelho. O ‘Acampamento Terra Livre’ é organizado pela Associação dos Povos Indígenas do Brasil. 

Índios protestam em Brasília Foto: Agência Brasil

Indígenas em movimento pacífico em Brasília- Foto: Agência Brasil

 

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Atualizada às 15h34

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