Como saber se o golpe no INSS prejudicou sua aposentadoria; veja

Esquema mirava aposentados e pensionistas com mensalidades não autorizadas, desviando até R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Operação resultou em prisões e afastamentos.

Por Plox

24/04/2025 09h45 - Atualizado há cerca de 23 horas

Uma megaoperação da Polícia Federal em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU) expôs um esquema de fraude que teria provocado prejuízos bilionários a aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). As investigações apontam que, entre os anos de 2019 e 2024, associações envolvidas no esquema teriam desviado até R$ 6,3 bilhões em cobranças de mensalidades não autorizadas.


Imagem Foto: Reprodução


Essas associações alegavam prestar serviços como descontos em academias, assistência jurídica e acesso a planos de saúde. No entanto, segundo o ministro da CGU, Vinícius de Carvalho, muitas sequer possuíam estrutura para oferecer tais benefícios. Para viabilizar os descontos, foram falsificadas assinaturas de beneficiários do INSS, e em 72% dos casos, a documentação obrigatória sequer havia sido entregue ao órgão.



Uma amostra de 1.273 aposentados e pensionistas foi entrevistada pela CGU, e 97% afirmaram nunca ter autorizado nenhum tipo de desconto em seus benefícios. Apesar disso, os valores eram debitados mensalmente, como se esses beneficiários fossem associados às entidades.


A investigação teve início em 2023, no âmbito administrativo da CGU. Já em 2024, ao identificar indícios de crime, o caso foi repassado à Polícia Federal. Como resultado, 12 inquéritos foram abertos para aprofundar as apurações.


A operação foi deflagrada nesta quarta-feira (23), com autorização da Justiça Federal. Foram cumpridos 211 mandados de busca e apreensão em 34 municípios, abrangendo 13 estados e o Distrito Federal. Durante as ações, a PF apreendeu carros de luxo, joias, obras de arte e grandes quantidades de dinheiro vivo.




Como saber se tive valores descontados?

A primeira providência para aposentados e pensionistas que desejam verificar se foram vítimas do esquema é consultar o extrato de pagamentos disponível na plataforma Meu INSS, que pode ser acessada tanto pelo aplicativo quanto pelo site oficial. Nesse documento, são detalhadas todas as retiradas feitas no benefício mensal, incluindo empréstimos consignados e, principalmente, mensalidades associativas.

É por meio dessa análise que o beneficiário poderá identificar cobranças suspeitas ou desconhecidas, indicando que houve desconto sem consentimento.


Como excluir cobrança indevida?

Caso o aposentado ou pensionista identifique alguma cobrança não reconhecida, ele pode solicitar a exclusão da mensalidade diretamente no sistema. O serviço chamado “excluir mensalidade associativa” está disponível no aplicativo Meu INSS, no portal online ou ainda pelo telefone da central 135.

Além disso, o beneficiário pode registrar uma reclamação diretamente com a associação que realizou o desconto e pedir o estorno dos valores. Outra medida importante é solicitar o bloqueio do benefício para novas associações, o que impede que sejam feitos outros descontos futuros sem a devida autorização.


Além disso, seis pessoas tiveram prisão decretada — cinco delas já foram detidas e uma ainda estava foragida até a última atualização. Os investigados pertencem a organizações associativas com sede em Sergipe. A Justiça também determinou o afastamento cautelar de seis agentes públicos envolvidos, cujos papéis ainda estão sendo investigados.


Como consequência da operação, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi exonerado do cargo no mesmo dia. Ainda não foi divulgado o nome do substituto.


Para quem deseja verificar se sofreu descontos indevidos, a recomendação é acessar o extrato de pagamento disponível na plataforma Meu INSS — tanto pelo site quanto pelo aplicativo. No extrato, é possível identificar retiradas referentes a crédito consignado e mensalidades associativas.


Caso o aposentado ou pensionista não reconheça algum desconto, é possível solicitar a exclusão da cobrança acessando o serviço \"excluir mensalidade associativa\" no próprio sistema, ou entrando em contato com a central telefônica 135. Também é possível registrar uma reclamação diretamente com a associação envolvida e solicitar o estorno dos valores descontados indevidamente.



Para impedir novos descontos, o beneficiário pode solicitar o bloqueio do benefício para associações, seguindo as orientações disponíveis no site Meu INSS.


"Em muitos casos, os beneficiários sequer sabiam da existência dessas associações. Foram vítimas de um golpe institucionalizado", afirmou Vinícius de Carvalho.

Ao todo, 11 entidades foram alvos de medidas judiciais e tiveram seus contratos suspensos. O caso segue sob investigação com novas fases da operação previstas para os próximos meses.



A população deve estar atenta e acompanhar regularmente seus extratos para evitar ser surpreendida com cobranças indevidas.


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