Greve nas universidades federais continua: coordenadores rejeitam acordo com o governo
Entidades sindicais pressionam por novas negociações com o governo Lula
Por Plox
24/05/2024 16h47 - Atualizado há 6 meses
As universidades e institutos federais de ensino superior decidiram manter a greve, rejeitando o acordo proposto pelo Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos na última segunda-feira (20). Em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (24), representantes das entidades coordenadoras reafirmaram a continuidade da paralisação e exigiram que as negociações não sejam encerradas.
Intransigência do governo
Na quarta-feira (22), o ministério enviou um comunicado às entidades informando que as negociações com os professores estavam encerradas e que a reunião marcada para a próxima segunda-feira (27) tinha como único propósito a assinatura do acordo proposto, sem espaço para novas contrapropostas. Gustavo Seferian, presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), criticou a postura do governo:
“Repudiamos a interrupção unilateral do processo democrático de negociação pelo governo federal. Queremos seguir conversando com o governo federal e entendemos que há, sim, espaço no orçamento deste ano para comportar, não só as demandas remuneratórias, mas sobretudo a recomposição de investimentos nas instituições federais de ensino superior.”
Proposta de reajuste e críticas
A proposta do governo, apresentada em maio, oferece aumentos salariais de 13,3% a 31% até 2026, com os reajustes começando apenas em 2025. Os aumentos variam conforme a categoria, com os que recebem salários mais altos obtendo reajustes menores e os que recebem menos, maiores. Com o reajuste linear de 9% concedido ao funcionalismo federal em 2023, o aumento total acumulado seria entre 23% e 43% em quatro anos, segundo o ministério. Contudo, a categoria critica a falta de reajustes imediatos e aponta que a proposta não contempla aumento para este ano.
Seferian destacou a insatisfação dos docentes e técnicos administrativos:
“Nesse momento, temos mais de 30 assembleias, já concluídas e em curso, que vêm sinalizando rechaço à proposta do governo federal. A greve não só continua, mas segue mais forte do que nunca.”
Impacto da greve
A greve, iniciada em 15 de abril, afeta 59 universidades e mais de 560 colégios federais, conforme balanço do Andes. Segundo os líderes do movimento, o desbloqueio de R$ 2,9 bilhões no orçamento anunciado pelo governo poderia atender às demandas salariais e recompor as perdas dos últimos anos. As entidades insistem que há espaço no orçamento para as melhorias reivindicadas.
Resposta do ministério
Em nota, o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos afirmou que o ganho acumulado dos docentes nos próximos quatro anos será de 28% a 43%, dependendo da categoria, classe e titulação, considerando o reajuste de 9% concedido em 2023. Além disso, o ministério destacou que todos os servidores receberão um auxílio-alimentação de R$ 1 mil neste ano, um aumento de mais de 150% em relação ao governo anterior.
“A pós cinco rodadas de negociação com as entidades representativas dos servidores da educação, o governo informou que essas eram as propostas finais, apresentadas em reunião de negociação específicas com os docentes (em 15 de maio) e técnicos administrativos em educação (em 21 de maio)”, finaliza a nota.