“Marmita de casal”: conheça a expressão dos adeptos do sexo a três

Participação em ménage se torna popular entre jovens avessos à monogamia

Por Plox

24/05/2024 10h33 - Atualizado há 6 meses

Em tempos passados, a "marmita" ou "quentinha" era um simples recipiente de metal, usado principalmente por trabalhadores para armazenar comida e aquecê-la na hora da refeição. A geração Z, no entanto, deu um novo significado ao termo, associando-o à participação de uma terceira pessoa em relações sexuais com um casal, sem envolvimento emocional, para evitar problemas conjugais.

Foto: Reprodução/Freepik

A nova "marmita" e a geração Z

A prática de incluir uma terceira pessoa em relações sexuais, agora chamada de "marmita", não é exatamente nova, mas tem ganhado popularidade entre os jovens nascidos após a segunda metade da década de 1990. A geração Z, conhecida por suas atitudes mais liberais em relação à monogamia, tem abraçado essa tendência. Segundo uma pesquisa realizada pelo Ashley Madison, principal site de relacionamentos extraconjugais, 62% dos brasileiros da geração Z são favoráveis a relacionamentos não monogâmicos. Para muitos deles, a satisfação sexual plena não é alcançável com apenas um parceiro.

A visão dos especialistas

Claudio Paixão, doutor em psicologia social e professor da Escola de Ciência da Informação (ECI) da UFMG, comenta que a ideia da "marmita sexual" está relacionada ao prazer momentâneo. Ele explica: “O desenho de marmita sexual envolve justamente o prazer momentâneo. Vamos imaginar que eu seja a marmita. Meu prazer é o de ser ‘comido’ e de ‘comer’, de estar nesta relação. Há, em nossa cultura, uma dificuldade muito grande de fazer uma separação entre sexo, intercurso sexual, prazer, amor e paixão. Fica tudo muito embolado”.

Paixão destaca que muitos termos e expressões na sociedade acabam sendo ressignificados, assim como ocorreu no universo LGBTQIA+, onde expressões pejorativas foram transformadas em símbolos de identidade e resistência. Ele menciona que a ideia de "marmita", apesar de inicialmente conotar um objeto de prazer, pode ser ressignificada para uma experiência de liberdade e prazer.

Regras para evitar conflitos

Para os casais que decidem experimentar a "marmita", é essencial que ambos estejam em harmonia e tenham discutido claramente os limites da relação. “Isso pode gerar ciúme e inveja. Tudo tem que ser muito conversado, trabalhado. A relação tem que ter bom senso de parte a parte, estabelecendo, desde o início, uma consciência de que aquela marmita será comida e o relacionamento será encerrado naquela noite, quando terminar a transa”, adverte Paixão.

Ele também ressalta a importância de não manter contato com a "marmita" fora do contexto estabelecido, para evitar vínculos emocionais que possam desestabilizar a relação original.

Relações não monogâmicas e a "marmita sexual"

Embora a geração Z seja mais aberta à não monogamia, Paixão alerta que não se deve generalizar essa característica a todos os jovens. A tendência está frequentemente ligada à situação econômica e à independência financeira, permitindo maior liberdade de escolha. Além disso, Paixão argumenta que a "marmita sexual" não se encaixa completamente no conceito de relações não monogâmicas ou poliamor, pois envolve uma dinâmica diferente, focada no prazer imediato e descartável, sem vínculo afetivo.

Conclusão

A ressignificação do termo "marmita" pela geração Z reflete mudanças nas atitudes sexuais e relacionais dos jovens. Embora essa prática possa trazer prazer momentâneo, é crucial que os casais estabeleçam limites claros para evitar complicações emocionais. A tendência revela um grupo específico dentro da geração Z que busca novas formas de experimentar a sexualidade, distanciando-se das tradicionais relações monogâmicas.

 

 

 


 

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