Fala de Janja sobre redes sociais na China gera críticas de bolsonaristas

Primeira-dama relembra conversa com Xi Jinping sobre regulação digital e é acusada por aliados de Bolsonaro de defender censura

Por Plox

24/05/2025 10h24 - Atualizado há 3 dias

Durante uma recente viagem oficial à China, a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja, participou de um jantar reservado ao lado do presidente Lula e ministros brasileiros com o líder chinês, Xi Jinping. O encontro ganhou repercussão após a divulgação de trechos da conversa, nos quais Janja abordou o tema da regulação das redes sociais.


Imagem Foto: Agência Brasil


No relato feito pela primeira-dama durante o podcast da Folha, 'Se ela não sabe, quem sabe?', Janja comentou que Xi Jinping mencionou os desafios enfrentados mesmo sob uma estrutura de regulação rígida. De acordo com ela, na China, o uso de telas só é permitido a partir dos 11 anos e dentro de horários específicos. A legislação local, conforme relatou, prevê consequências severas para o descumprimento das regras, incluindo penas de prisão.



Janja questionou por que o debate sobre regulação é tão difícil em outros países, incluindo o Brasil. “Não é uma questão de liberdade de expressão, estamos falando de vida, de crianças”, disse, defendendo a importância de discutir o impacto das redes sociais com responsabilidade.


A repercussão da fala foi imediata entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente, reagiram publicamente, acusando a primeira-dama de defender práticas de censura semelhantes às adotadas pelo Partido Comunista Chinês.



Nas redes sociais, Nikolas repostou o vídeo da entrevista com a legenda: “Os brasileiros não querem viver em uma ditadura. Simples.” Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que Janja estaria promovendo um modelo onde pessoas são presas por utilizarem redes sociais.


A deputada Carla Zambelli (PL-SP), que atualmente enfrenta uma condenação judicial por envolvimento em um caso de invasão hacker, também se manifestou, dizendo que a primeira-dama deseja importar para o Brasil a “'democracia' chinesa” e alertando contra o uso do termo “regular”.



Este episódio se somou a outras polêmicas envolvendo Janja, como a recente decisão da Justiça que concedeu prazo de 20 dias para que ela explique gastos com viagens internacionais. Lula, por sua vez, saiu em defesa da esposa e lamentou o vazamento da conversa, reafirmando que não houve quebra de protocolo e criticando a exposição pública do encontro.


Ao comentar o episódio no podcast, Janja desabafou: “Não entrei em uma sala gritando. Não existe isso. Quer dizer que eu não posso falar? Eu não sou um biscuit de porcelana.”


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