Samarco mira 100% da operação até 2028 mesmo com 600 mil ações judiciais

Durante evento em BH, mineradora anuncia investimentos de R$ 13 bilhões e reforça retomada das atividades, mesmo com processo bilionário em Londres

Por Plox

24/05/2025 09h37 - Atualizado há 3 dias

Durante o evento 'Dia da Indústria', realizado nesta quinta-feira (23) no Minascentro, em Belo Horizonte, a mineradora Samarco anunciou que pretende retomar 100% de sua capacidade de operação até o ano de 2028. O plano ambicioso foi apresentado diante de empresários e representantes do poder público, em um encontro promovido pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).


Imagem Foto: Reprodução


Com presença do presidente da Samarco, Rodrigo Vilela, a empresa apresentou um vídeo institucional reforçando seu retorno gradual às atividades. A Secretária de Meio Ambiente de Minas Gerais, Marília Melo, representando o governador Romeu Zema, também compôs a mesa de autoridades do evento.



Segundo Vilela, a mineradora já recuperou 60% da capacidade produtiva e pretende investir R$ 13 bilhões para atingir o funcionamento integral nos próximos três anos. A Samarco destacou ainda que não utiliza mais barragens de rejeitos, como a que rompeu em 2015 em Mariana, provocando a morte de 19 pessoas e o despejo de mais de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos na Bacia do Rio Doce.


A transição não é voluntária: uma decisão do governo federal determinou o fim das barragens construídas por alteamento a montante — tecnologia considerada instável. A construção de novas estruturas desse tipo também está proibida por lei.



Paralelamente aos planos de retomada, a Samarco ainda enfrenta uma complexa batalha judicial internacional. A empresa, controlada por Vale e BHP Billiton, responde na Justiça do Reino Unido a um processo movido por mais de 600 mil pessoas afetadas pela tragédia de Mariana. Essas vítimas questionam os valores de indenização oferecidos no Brasil e buscam reparação em Londres, onde está sediada a BHP, controladora da Samarco.


Além das vítimas individuais, 31 municípios também estão entre os demandantes, requerendo valores maiores de reparação. Os advogados estimam as indenizações em cerca de R$ 260 bilhões, alegando prejuízos patrimoniais, perda de renda e impactos às comunidades atingidas.



Em território nacional, em março, foi finalizado o prazo para adesão ao novo acordo de reparação homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O pacto prevê R$ 170 bilhões em ações de reparação, mas apenas 4% desse montante será destinado diretamente aos municípios. Das 31 cidades envolvidas, 26 aceitaram os termos e, com isso, abriram mão de novas ações judiciais no Brasil. Caso a BHP seja condenada na Inglaterra, esses municípios não poderão reivindicar novas indenizações.


Questionada sobre a intenção da apresentação exibida no evento, a Samarco declarou que a mensagem era direcionada ao mercado e buscava mostrar que a empresa retomou suas operações de forma segura e sustentável.


“A mensagem principal é que retomamos as nossas operações de forma gradual e segura, sem utilização de barragens de rejeitos e compartilhando valor com os territórios onde atuamos em Minas Gerais e no Espírito Santo. A nossa retomada tem sido guiada pela segurança, integridade, inovação e sustentabilidade. O acordo de reparação da bacia do rio Doce, homologado pelo STF em novembro de 2024, reforça nosso compromisso com uma reparação definitiva às pessoas, comunidades e ao meio ambiente. Reparar é o nosso compromisso principal”, concluiu a mineradora.


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