Uso frequente de remédio para dormir pode aumentar risco de demência, alertam médicos
Estudos indicam que anti-histamínicos de venda livre, como Unisom e Benadryl, estão associados ao declínio cognitivo, principalmente entre idosos
Por Plox
24/05/2025 09h33 - Atualizado há 3 dias
Com a pressão da rotina moderna, muitos recorrem a medicamentos para conseguir dormir. No entanto, médicos têm levantado sérias preocupações sobre o uso contínuo de alguns desses produtos, vendidos livremente nas farmácias.

O alerta gira em torno dos anti-histamínicos de primeira geração, como Unisom e Benadryl, que possuem princípios ativos como succinato de doxilamina e difenidramina. Esses compostos, apesar de eficazes para induzir o sono, têm sido associados a um risco elevado de desenvolvimento de demência, especialmente entre idosos.
Um estudo publicado no World Allergy Organization Journal e outra análise do Journal of Allergy and Clinical Immunology ressaltam que esses medicamentos, lançados em 1946, antecedem os rigorosos testes de segurança atuais. Médicos como Pamela Tambini e Seetha Bhagavatula alertam que a venda sem receita médica pode passar a falsa impressão de segurança, quando, na realidade, o uso prolongado pode afetar negativamente a função cerebral.
Esses fármacos bloqueiam a ação da histamina, responsável por manter o estado de vigília, causando sonolência. Mas o problema vai além do sono induzido: a substância pode atravessar a barreira hematoencefálica e afetar receptores cerebrais, o que interfere na memória e no aprendizado. A pesquisa publicada no Journal of Alzheimer’s Disease indica que o uso contínuo desses medicamentos compromete a acetilcolina, neurotransmissor crucial para as funções cognitivas.
Tambini destaca que o uso recorrente, mesmo que pareça inofensivo, pode causar confusão mental, aumentar o risco de quedas e promover um acúmulo de efeitos deletérios ao cérebro. E os impactos são notáveis mesmo quando o objetivo inicial era apenas tratar alergias ou auxiliar no sono.
Entre os medicamentos mais utilizados que contêm esses anti-histamínicos estão:
- Para dormir: Unisom, Sominex, Tylenol Simply Sleep, ZzzQuil;
- Para alergias: Benadryl, Chlor-Trimeton, Dramamine, Vicks NyQuil.
Apesar de proporcionarem um adormecer rápido, esses remédios reduzem o sono REM — fase essencial para a recuperação mental —, resultando em um despertar sem disposição e com prejuízos cognitivos.
Especialistas recomendam alternativas mais seguras, como suplementos naturais (melatonina, raiz de valeriana) e, principalmente, a terapia cognitivo-comportamental, reconhecida como tratamento eficaz para insônia persistente, segundo a revista Clinical Psychology and Special Education.
No caso das alergias, a substituição por anti-histamínicos de segunda geração (Claritin, Zyrtec, Allegra) ou sprays nasais esteroides é indicada. Esses medicamentos têm menor penetração no cérebro e, portanto, menos efeitos colaterais neurológicos.
Tambini reforça que o uso ocasional de medicamentos como ZzzQuil pode ser aceitável em situações específicas, mas sua utilização contínua pode levar à tolerância e à dependência, sem resolver a causa real do problema. Assim, buscar orientação médica torna-se fundamental antes de iniciar qualquer automedicação para distúrbios do sono.