Zema é acusado de abandonar Minas por foco em 2026
Oposição aponta uso político das redes sociais e ausência na gestão estadual
Por Plox
24/05/2025 09h11 - Atualizado há 3 dias
A recente postura do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), especialmente nas redes sociais e em discursos públicos, tem gerado duras críticas por parte da oposição na Assembleia Legislativa. Deputados do campo progressista veem nas ações de Zema uma clara tentativa de projeção nacional, voltada para a disputa presidencial de 2026, em detrimento da gestão estadual.

O estopim para a nova onda de críticas foi um vídeo animado em que o governador aparece subindo a rampa do Congresso Nacional, defendendo a anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. A peça, feita com uso de inteligência artificial, foi interpretada como propaganda eleitoral fora de época. A deputada estadual Lohanna França (PV) levou o caso ao Ministério Público, que repassou a denúncia à Procuradoria Regional Eleitoral.
Zema, segundo os parlamentares, estaria utilizando temas sensíveis, como a segurança pública, como ferramenta de marketing pessoal, ignorando problemas estruturais do Estado. $&&$“Zema usa o discurso da segurança como palanque, mas, na prática, abandona as forças policiais. Viaturas estão paradas por falta de combustível, o efetivo está defasado e os equipamentos sucateados”$, afirmou Lohanna. Ela ainda acusou o governador de colocar o marketing acima do compromisso com a população.
O presidente estadual do PT, deputado Cristiano Silveira, foi ainda mais contundente. Segundo ele, Zema deixou de lado sua função no governo para se dedicar à autopromoção digital. “Agora eu o chamo de ‘ex-governador’, porque só pensa em 2026. Enquanto o povo sofre com a alta dos preços e a violência, ele faz vídeos comendo banana com casca”, disparou o parlamentar.
Nem o governo estadual nem o Partido Novo responderam aos questionamentos feitos pelo jornal O TEMPO sobre o conteúdo das postagens e as acusações de campanha antecipada.
Especialistas em marketing político também veem nas ações de Zema um claro movimento estratégico rumo à eleição presidencial. Para o marqueteiro Celso Lamounier, há sinais evidentes de pré-campanha. “Ele tenta consolidar espaço num campo político já bastante disputado à direita. Como está no segundo mandato, sem possibilidade de reeleição, precisa agir com mais intensidade”, avaliou.
Já Paulo Vasconcelos, também especialista em comunicação política, alerta para os riscos da superexposição. “Se você aparece demais e não entrega resultados concretos, a imagem se volta contra você”, disse. Ele ainda destaca que o eleitor está mais atento ao que é feito do que ao que é dito.
A discussão também levanta questionamentos sobre a legislação eleitoral vigente. Especialistas apontam que não há regras claras para o período de pré-campanha, o que cria um cenário de incerteza jurídica. “É tudo interpretativo. Um promotor pode considerar ilegal o que outro considera aceitável”, explicou Vasconcelos.
O cientista político Camilo Aggio reforça a ideia de que a legislação está defasada em relação à realidade digital da política. “A distinção entre propaganda antecipada e comunicação institucional já não faz mais sentido na era das redes sociais”, afirmou. Mesmo diante da falta de regulamentação específica, os marqueteiros alertam que exageros nesse período podem se tornar um erro estratégico. “O eleitor só decide o voto perto da eleição. Se a mensagem for muito repetida antes da hora, ela perde força”, concluiu Lamounier.