Zema sugere perseguição após fiscalização em empresa da família

Governador afirma que operação do Ministério do Trabalho com apoio da PRF foi atípica e questiona motivações

Por Plox

24/05/2025 09h25 - Atualizado há 3 dias

Durante uma entrevista concedida à Revista Oeste na noite da última quinta-feira (22), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, trouxe à tona um episódio que, segundo ele, levanta suspeitas de perseguição política. Zema relatou que, em fevereiro deste ano, uma loja pertencente à sua família foi alvo de uma fiscalização conduzida pelo Ministério do Trabalho, acompanhada por sete viaturas da Polícia Federal.


Imagem Foto: Agência Brasil


O governador destacou que, em mais de um século de existência da empresa, nunca havia ocorrido uma abordagem semelhante. Segundo Zema, a empresa, da qual é sócio e que já foi administrada por ele, sempre esteve aberta às fiscalizações rotineiras, mas a presença ostensiva da força policial chamou a atenção. Ele afirmou que, após a inspeção inicial, os agentes seguiram para verificar empresas terceirizadas que prestam serviços ao grupo.


– A empresa tem 102 anos. Nunca entraram lá com força policial. A empresa tá aberta, sempre foi fiscalizada. É uma das melhores empresas para se trabalhar em Minas Gerais, de acordo com o Great Place to Work – declarou.



Questionado se interpretava o episódio como uma retaliação política, Zema se esquivou de uma resposta direta:
Eu deixo pra vocês concluírem

.

Em resposta às declarações do governador, o superintendente do Ministério do Trabalho em Minas Gerais, Carlos Calazans, negou que tenha havido qualquer operação contra lojas do Grupo Zema. Segundo ele, a ação de fevereiro teve como alvo uma transportadora terceirizada, identificada como Cidade das Águas, após denúncias de trabalho análogo à escravidão.


De acordo com Calazans, a fiscalização flagrou 22 trabalhadores submetidos a condições degradantes. Eles trabalhavam até 20 horas seguidas, transportando produtos da Eletrozema, como móveis e eletrodomésticos, sem pausa para refeições e dormindo na boleia dos caminhões. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), e não a Polícia Federal como alegou Zema, acompanhou a operação apenas para garantir a segurança dos fiscais.



– Lá nós encontramos 22 trabalhadores em condições análogas à escravidão. Trabalhavam até 20 horas seguidas, não tinham horário de almoço, dormiam na boleia dos caminhões – afirmou o superintendente.


A PRF reforçou que sua atuação foi limitada à segurança das equipes do Ministério do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho, como de praxe nesse tipo de fiscalização. Nem a Polícia Federal nem a Secretaria de Comunicação da Presidência da República se manifestaram sobre o episódio.


Zema ainda aproveitou a entrevista para criticar a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre as acusações, afirmou que há um esforço por parte do governo federal para prejudicar Minas Gerais, citando o caso de um evento da empresa farmacêutica Novo Nordisk, em Montes Claros, onde ele cancelou sua participação após relatos de que apoiadores do governo teriam sido mobilizados para vaiá-lo.


– Pagam um sanduíche, pagam passagem pros seus, pra companheirada ir lá fazer a festa deles – disse o governador, ao se referir à suposta mobilização política.



Ele também acusou o governo federal de negligenciar as rodovias federais que cortam Minas Gerais, o que, segundo ele, tem resultado em acidentes graves. Para Zema, essa suposta omissão reflete uma retaliação política contra o estado.


– Parece que tem uma birra com Minas Gerais. É um governo que investe pouco, que cobra taxa de agiota, e é um estado que tá lá, resistindo. Foi no PT que ele afundou. Vale lembrar: Minas Gerais afundou no PT – concluiu.


Os representantes da transportadora mencionada não foram encontrados para comentar as informações divulgadas pelo Ministério do Trabalho.


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