Os impactos causados pela pandemia em comércios não essenciais do Vale do Aço

Empreendedores contam os desafios vividos desde a chegada da covid-19

Por Layara Andrade

24/06/2021 17h34 - Atualizado há cerca de 4 anos

Há mais de um ano da chegada do novo coronavírus, diversos aspectos na vida da população sofreram mudanças. No comércio não foi diferente, a pandemia traz impactos financeiros, principalmente aos pequenos empresários, mas também há relatos de que, no momento de dificuldade, novas formas de se fazer o mesmo trabalho foram descobertas. 

Durante o período de onda roxa imposto pelo governo do Estado de Minas Gerais, o comércio classificado como não essencial foi forçado a fechar as portas durante mais de um mês. Os comerciantes precisaram se reinventar para diminuir os impactos. 

A cabeleireira Ana Paula Freitas tem um salão há quase 14 anos no bairro Recanto Verde, em Timóteo, ela conta que o estabelecimento foi muito afetado e que precisou reduzir o quadro de funcionários. Na onda roxa, o salão ficou fechado por 22 dias. “Acabou acumulando contas, isso mexe muito com o financeiro e emocional”, relata.

Ana Paula/Foto: arquivo pessoal

 

Ana Paula conta que desde o início da pandemia tem um lucro aproximadamente 40% menor do que antigamente. Na época do “abre e fecha”, ela precisou investir na venda de forma online de produtos para manutenção dos cabelos.

“O mais triste foi ver os pacotes de noivas sendo cancelados, você fica sem saber como agir”, relata Ana Paulo. Segundo ela, foi preciso devolver 50% dos valores recebidos nos pacotes de arrumação de noivas. 

Já para o José Januário, o período de paralisação do funcionamento dos serviços de seu “churrasquinho”, no bar Ideal, em Ipatinga, foi um momento para se reinventar. Ele conta que ficou 40 dias fechado, mas como seus funcionários são freelancers, não precisou demitir ninguém. José apostou nas entregar por meio do delivery.

“Praticamente não tive impacto nos lucros nesse período, porque eu diminuí os gastos com e fiquei com dois motociclistas para realizarem as entregas. Hoje, o delivery representa de 30% a 35% do meu faturamento”, relata.

José conta ainda que foi um momento que teve para enxergar o trabalho de outra forma. “Durante a pandemia tive a oportunidade de ver outro rumo que tenho para realizar o trabalho. Não cruzei os braços e fiquei reclamando”, ressalta. 

Outra cabeleireira de Timóteo que teve impactos foi a Fabiane Dias, ela conta que no início da pandemia teve uma queda de aproximadamente 90% dos lucros. “Me adequei da melhor forma possível, tivemos que nos reinventar, reorganizando horários, engajando promoções, introduzindo os protocolos de proteção e pedindo aos clientes que não viessem acompanhados”, conta.

Fabiane/Foto: arquivo pessoal

 

Atualmente, ela conta que a pandemia afeta a constância dos clientes no seu estabelecimento que fica no bairro Recanto Verde, no setor 7. “Se antes eu atendia 10 clientes, hoje atendo cinco por conta do distanciamento social”, disse. 

Em Coronel Fabriciano, a biomédica Bia Gomes tem um espaço de beleza e relata que a pandemia afetou os cursos que ela dava no estabelecimento. “Como eu dou curso em turma, tive que me reinventar e lançar o curso vip, atendendo somente uma pessoa. No atendimento geral do salão tive que adaptar de acordo com os protocolos exigidos pelo Ministério da Saúde” , disse. 

No período da onda roxa, o impacto também foi grande para Bia. “Aos poucos, com a liberação dos serviços não essenciais e mesmo com horários restritos, eu comecei a faturar melhor, um mês fechava negativo e outro positivo, mas nos últimos meses tenho faturado mais do que antes da pandemia”.  

Bia Gomes/Foto: arquivo pessoal

 

Segundo a biomédica, ela investiu em conteúdos nas redes sociais, mesmo nos dias em que o estabelecimento estava fechado. “Já os funcionários, infelizmente, no início da pandemia eu tive que abrir mão de alguns. É difícil manter uma equipe grande de portas fechadas, mas hoje já consegui voltar ao ‘normal’ com o número de funcionários”. 

Uma das categorias mais afetadas foi a dos estabelecimentos que recebem e realizam shows. Um exemplo é o Garajão, localizado em Ipatinga, e que está fechado há mais de uma ano porque a realização de shows em espaços fechados ainda não é permitida.

Tradicional festa junina realizada no estabelecimento/Foto: arquivo pessoal

 

O gerente geral do estabelecimento, Emmanuel Franco, conta que 95% das atividades estão paralisadas e que os prejuízos são sem precedentes. “Havia uma agenda de shows menores fechada até maio de 2020. Bandas covers do Vale do Aço, de Belo Horizonte e de outras regiões de Minas. Para todos esses eventos, não chegamos a vender ingressos antecipados. Então, em razão da pandemia, só foi necessário desmarcar com os músicos, sem previsão de novas datas”, relata.

Emmanuel Franco conta que outro evento que já tinha lote de ingressos vendidos não foi cancelado, apenas será remarcado assim que for seguro. Segundo o gerente do estabelecimento, apesar de todo o prejuízo financeiro,  “a saúde dos nossos roqueiros importa mais”.


 

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