Braga Netto e Mauro Cid se confrontam no STF sobre plano golpista
General e tenente-coronel participam de acareação para esclarecer divergências em depoimentos sobre tentativa de golpe após eleições de 2022
Por Plox
24/06/2025 09h48 - Atualizado há 1 dia
Nesta terça-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) sediou uma acareação entre o general da reserva Walter Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid, ambos réus na ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

O encontro, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, teve como objetivo esclarecer divergências nos depoimentos prestados por ambos, especialmente sobre o plano denominado 'Punhal Verde e Amarelo'. Segundo Mauro Cid, o general Braga Netto teria participado ativamente da elaboração do plano, que incluía ações para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Uma das principais controvérsias gira em torno de uma reunião realizada em novembro de 2022 na residência de Braga Netto. Cid afirma que, durante o encontro, foram discutidas medidas operacionais do plano golpista e que o general teria solicitado sua retirada do local para tratar de assuntos confidenciais. Braga Netto, por sua vez, nega que a reunião tenha tido esse teor, alegando que se tratou apenas de uma visita de cortesia.
Outro ponto de conflito envolve a alegação de que Braga Netto teria entregue a Cid uma sacola contendo dinheiro em espécie para financiar ações do plano. O general nega veementemente essa acusação, afirmando que não teve contato com empresários e que não repassou recursos ao tenente-coronel.
\"O Cid veio atrás de mim perguntando se o PL poderia arrumar o dinheiro. Era muito comum o presidente Jair Bolsonaro, ou o Valdemar [Costa Neto, presidente do PL], ou outro, pedirem para pagar contas de campanha atrasadas. Eu virei para ele e disse: 'Procure o tesoureiro'. Eu não tinha contato com empresários. Então, não dei dinheiro para o Cid\"
, declarou Braga Netto durante seu depoimento.
A acareação foi solicitada pela defesa de Braga Netto, que contesta as afirmações de Cid e alega falta de provas para sustentar as acusações. O ministro Alexandre de Moraes autorizou o procedimento, ressaltando que, por serem réus, ambos têm o direito de permanecer em silêncio e não produzir provas contra si mesmos.
Além desta acareação, o STF também realizou um confronto entre o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes. A defesa de Torres solicitou o encontro para esclarecer divergências nos depoimentos sobre reuniões realizadas no Palácio da Alvorada, nas quais teriam sido discutidas medidas para reverter o resultado das eleições.
As acareações ocorreram em sessões fechadas, com acesso restrito aos advogados dos réus, e não foram transmitidas pela televisão ou internet. O ministro Alexandre de Moraes conduziu os procedimentos, com a participação do procurador-geral da República, Paulo Gonet.