Colunista alerta sobre influência religiosa na política

Merval Pereira critica uso da Marcha para Jesus como palanque político e relembra passado da Igreja Católica

Por Plox

24/06/2025 07h05 - Atualizado há 2 dias

Durante o feriado de Corpus Christi, a Marcha para Jesus reuniu uma multidão em São Paulo e contou com a participação de diversas figuras políticas. Entre os presentes, o governador Tarcísio de Freitas chegou a cantar no palco, gesto que repercutiu fortemente nos meios de comunicação.


Imagem Foto: Reprodução Print Instagram


A manifestação religiosa, embora já tradicional, foi alvo de críticas do colunista Merval Pereira, do jornal O Globo. Em um artigo recente, ele alertou para o risco da combinação entre fé e interesses políticos. “A Marcha para Jesus é importante, reúne milhares de pessoas, mas o uso político da religião é preocupante. (…) O Brasil é um país laico e não deveríamos misturar coisas”, afirmou o jornalista.



Antecipando possíveis reações, Merval reconheceu que a intersecção entre religião e política não é novidade. Ele lembrou o papel significativo que a Igreja Católica exerceu no passado, principalmente por meio da Teoria da Libertação, que teve influência marcante na fundação do Partido dos Trabalhadores (PT). “A Igreja Católica, na época da Teoria da Libertação, tinha uma tendência à esquerda que abraçava com fervor. Depois que o Vaticano esvaziou a Teoria da Libertação é que os católicos perderam a influência política, que era muito forte”, destacou.



O colunista também observou como diferentes correntes religiosas se alinham com espectros ideológicos distintos. Segundo ele, “os evangélicos votam mais com [Jair] Bolsonaro e seus aliados, e a esquerda tem mais presença na Igreja Católica”. Merval atribuiu à atuação do papa Francisco um papel relevante no novo equilíbrio entre as religiões no país.
“Com o papa Francisco, voltou a ficar mais atuante e é um dos pontos da mudança de crescimento das religiões no Brasil”

, disse.

O presidente da Academia Brasileira de Letras finalizou seu artigo expressando preocupação com o grau de influência que a religião ainda exerce sobre os políticos em um Estado que, constitucionalmente, deveria manter a laicidade.


Destaques