Minas Gerais: queijo Cabacinha passa a ser patrimônio cultural e imaterial do estado

O IMA irá elaborar o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Queijo Cabacinha

Por Plox

24/07/2023 15h08 - Atualizado há mais de 1 ano

O Queijo Cabacinha, produzido tradicionalmente no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, acaba de ganhar um novo título: patrimônio cultural e imaterial do estado. A lei que reconhece este status foi sancionada pelo governador Romeu Zema.

Segundo dados da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), o queijo é produzido por 160 famílias em sete municípios da região. A iguaria recebe esse nome devido à sua forma, semelhante à de uma cabaça, um fruto antigo comumente utilizado em trabalhos artesanais.

Viviane Neri, assessora técnica da Diretoria de Agroindústria e Cooperativismo da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), esclarece que "o Cabacinha é reconhecido pelo Estado desde 2014, quando foi publicada a primeira portaria de identificação do Vale do Jequitinhonha como tradicionalmente produtora deste queijo. Sua produção nesta região remete a meados do século 20 e a origem cultural ainda é estudada".

Foto: divulgação

 

A classificação de variedades de queijos artesanais e a definição das regiões produtoras são responsabilidades do Estado de Minas, sendo conduzidas por um protocolo executado pela Seapa em colaboração com a Emater-MG, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).

A Epamig, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), vem coordenando pesquisas desde 2021 para apoiar a caracterização do Queijo Cabacinha. Além disso, a empresa é responsável por estudos sobre o consumo seguro destes produtos.

Os estudos atuais estão acompanhando os processos de fabricação, realizando análises sensoriais e entrevistando mestres queijeiros e comerciantes. Técnicos da Emater-MG estão recebendo treinamento dos pesquisadores da Epamig para coletar amostras da água, do soro-fermento, da massa fermentada e filada e do queijo, em 30 queijarias a partir de agosto.

Daniel Arantes, pesquisador da Epamig e coordenador do projeto, observa que "existem produtores com queijarias bem avançadas em infraestrutura para a garantia da qualidade, atendendo já às boas práticas de fabricação, e produtores que ainda têm uma infraestrutura mais simples. Mas a gente acredita que isso é parecido com o que aconteceu nas outras regiões que passaram pelo processo de caracterização e regulamentação e que todos eles, independente da estrutura física, têm um domínio muito grande dos fatores de produção".

Uma vez publicado o estudo, que irá esclarecer entre outros pontos, dúvidas sobre o método tradicional de produção da iguaria, o IMA irá elaborar o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Queijo Cabacinha. Esse documento estabelecerá a identidade e os requisitos mínimos de qualidade que o produto deve atender.
 

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