ONU revela que 8,4 milhões de brasileiros sofrem de fome

Relatório destaca insegurança alimentar severa no Brasil

Por Plox

24/07/2024 11h16 - Atualizado há cerca de 1 mês

Um estudo das Nações Unidas indica que, entre 2021 e 2023, cerca de 8,4 milhões de brasileiros enfrentaram a fome. O relatório também aponta que 39,7 milhões de pessoas viveram em situação de insegurança alimentar no mesmo período, com 14,3 milhões em condições severas.

Lançamento do relatório no Rio de Janeiro

Nesta quarta-feira (24), a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) e suas agências parceiras divulgaram a edição anual do relatório "O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo" no Rio de Janeiro. O evento faz parte da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, principal projeto brasileiro no G20.

Avanços e retrocessos no Brasil

Embora o Brasil tenha registrado avanços em relação ao período de 2020-2022, quando 10,1 milhões de pessoas estavam em desnutrição, a situação de insegurança alimentar ainda é preocupante. Anteriormente, 70,3 milhões de brasileiros enfrentavam insegurança alimentar, uma redução significativa, mas ainda acima dos níveis de 2014-2016, quando 27,2 milhões estavam nessa condição.

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Cenário global

Globalmente, a fome permaneceu quase estável nos últimos três anos, após um aumento significativo durante a pandemia. Entre 713 e 757 milhões de pessoas passaram fome em 2023, representando 1 em cada 11 pessoas no mundo. A insegurança alimentar afetou 28,9% da população mundial.

Dados específicos do Brasil

O índice de desnutrição no Brasil entre 2021 e 2023 foi de 3,9%, enquanto a insegurança alimentar afetou 18,4% da população. Além da FAO, o relatório foi elaborado pelo Fida (Fundo de Desenvolvimento Agrícola), PMA (Programa Mundial de Alimentos), OMS (Organização Mundial da Saúde) e Unicef.

Erradicação da fome ainda é um desafio

O estudo destaca a falta de avanços significativos para alcançar a meta da ONU de erradicar a fome até 2030. Em todas as regiões, o principal indicador da FAO para monitorar a fome ainda está acima dos níveis pré-pandemia.

"Há uma tendência clara de aumento do PoU [prevalência de subnutrição] na África, enquanto há progresso na América Latina e Caribe e estagnação na Ásia", afirma o relatório.

Desigualdade no acesso a dietas saudáveis

A desigualdade no acesso a alimentos é evidente, com países de baixa renda apresentando a maior proporção de população sem condições de arcar com uma dieta saudável (71,5%). Em contraste, nas nações de alta renda, essa porcentagem é de apenas 6,3%.

Financiamento inadequado para combater a fome

O relatório foca também nos mecanismos de financiamento para ações contra a fome, mostrando que a segurança alimentar e nutrição recebem menos de um quarto do total de assistência para o desenvolvimento. Entre 2017 e 2021, esses recursos somaram cerca de US$ 76 bilhões anuais, dos quais apenas 34% foram destinados ao enfrentamento das principais causas da insegurança alimentar e desnutrição.

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