Advogados são presos por enganar idosos em fraude milionária
Operação 'Entre Lobos' investiga organização que lesou aposentados em mais de R$ 30 milhões
Por Plox
24/07/2025 08h04 - Atualizado há 9 dias
Uma operação conjunta realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) de cinco estados resultou na prisão de seis advogados suspeitos de liderar uma organização criminosa que teria prejudicado financeiramente mais de mil idosos em todo o país.

A investigação, coordenada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), originou a Operação Entre Lobos, que cumpriu 13 mandados de prisão e 35 de busca e apreensão em municípios distribuídos entre os estados de Santa Catarina, Alagoas, Bahia, Ceará e Rio Grande do Sul. Além das prisões, houve o bloqueio judicial de até R$ 32 milhões em contas bancárias e a apreensão de 25 veículos.
Entre os investigados, que somam 17 pessoas, estão cinco advogados considerados os principais líderes do esquema, sendo dois detidos em Fortaleza (CE), dois em Salvador (BA) e um em Chapecó (SC). Um dos detidos foi apontado como o mentor da operação criminosa, com responsabilidade sobre a estrutura digital e logística da quadrilha.
As diligências que incluíram escritórios de advocacia foram acompanhadas por representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), como determina o protocolo da profissão.
O grupo utilizava abordagens presenciais e online para aliciar vítimas, utilizando como fachada o chamado Instituto de Defesa do Aposentado e Pensionista (IDAP). Os idosos, com média de 69 anos, eram convencidos a assinar contratos de cessão de créditos judiciais por valores muito inferiores aos que realmente teriam direito a receber em ações de revisão bancária.
Esses contratos eram emitidos em nome de empresas fictícias, como a Ativa Precatórios (sediada em Pinhalzinho, SC) e a BrasilMais Precatórios (com endereço em Fortaleza). Documentos apreendidos mostram que menos de 10% dos valores recebidos judicialmente pelos advogados em nome dos clientes eram de fato repassados a eles.
\"As vítimas assinavam contratos com cláusulas abusivas, acreditando que estavam sendo assistidas por entidades legítimas\", revelou um dos promotores envolvidos no caso.
Em uma das ocorrências destacadas, um idoso que deveria receber R$ 146 mil obteve apenas R$ 2,5 mil após a fraude. Outro exemplo, em Fortaleza, mostrou que de mais de R$ 5 milhões liberados, os clientes lesados viram apenas R$ 503 mil.
Até o momento, foram identificadas 215 vítimas diretas, com prejuízo estimado em R$ 5 milhões, mas o Ministério Público acredita que o número real supere mil pessoas e que os danos financeiros possam ultrapassar os R$ 30 milhões.
Os suspeitos estão sendo investigados pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro, patrocínio infiel — quando o advogado age contra o interesse de seu próprio cliente — e formação de organização criminosa interestadual.
A Promotoria de Justiça da Comarca de Modelo, em Santa Catarina, segue com a busca ativa por novas vítimas. Quem tiver suspeitas de ter sido lesado pode entrar em contato com o MPSC por meio do WhatsApp (49) 99200-7462, pelo e-mail [email protected] ou pelos telefones (48) 3229-9306 e 127, das 9h30 às 19h.
A Operação Entre Lobos representa um esforço conjunto para desmantelar uma estrutura de fraude sofisticada e de alto impacto social, especialmente contra uma parcela vulnerável da população.