Partidos do governo criticam cancelamento de vistos de ministros do STF pelos EUA

Lideranças partidárias denunciam medida como ataque à soberania e ingerência política no Judiciário brasileiro

Por Plox

24/07/2025 07h35 - Atualizado há 9 dias

A reação à decisão do governo norte-americano de cancelar os vistos de oito ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de seus familiares diretos veio de forma contundente por parte de lideranças políticas brasileiras ligadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Imagem Foto: STF


Em uma manifestação conjunta, sete presidentes de partidos governistas – entre eles Humberto Costa (PT), João Campos (PSB), Carlos Lupi (PDT), Paula Coradi (Psol), José Luiz Penna (PV), Comte Bittencourt (Cidadania) e Luciana Santos (PCdoB) – assinaram uma nota de repúdio contra a medida adotada pelos Estados Unidos. Luciana Santos, que além de presidente do PCdoB é ministra da Ciência, Tecnologia e Inovações, também endossou o texto.



O documento classifica o ato norte-americano como um “gesto indevido, agressivo e sem precedentes”, acusando ainda motivação política por trás da decisão. As lideranças afirmam ter recebido “com profunda indignação” a notícia das sanções unilaterais implementadas pelo governo do presidente Donald Trump, que responsabiliza os magistrados por decisões judiciais que afetaram diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro.



A tensão diplomática entre os dois países ganhou fôlego após operações da Polícia Federal contra Bolsonaro, que se tornou réu por tentativa de golpe de Estado em 2022. Em uma das ações mais recentes, no dia 18 de julho, o ministro Alexandre de Moraes determinou medidas cautelares, como a imposição de tornozeleira eletrônica. No mesmo período, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, ordenou o cancelamento dos vistos dos ministros envolvidos nas investigações, incluindo Moraes.



Em carta enviada anteriormente ao governo brasileiro, Trump já havia atacado o STF, chamando o processo contra Bolsonaro de “caça às bruxas” e acusando o Judiciário de emitir ordens de censura ilegais contra redes sociais americanas. Ele também anunciou uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, intensificando ainda mais os atritos comerciais.



No comunicado assinado pelas lideranças partidárias, os políticos reiteraram que os julgamentos relacionados aos atos de 8 de janeiro de 2023 ocorrem dentro dos limites do devido processo legal.
“As tentativas de coação da Justiça neste processo, venham de onde vierem, recebem o repúdio da sociedade brasileira”

, diz um trecho do texto.


O grupo também alertou para os efeitos negativos das medidas unilaterais, destacando que sanções comerciais e tarifárias não devem ser contaminadas por interesses políticos. E conclui afirmando solidariedade aos ministros do STF, defendendo a soberania nacional e o respeito às instituições democráticas brasileiras.


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