Prisão de sobrevivente de ataque em Vila Isabel expõe detalhes da chacina

Iran Martins de Brito Júnior fugiu do hospital por ter um mandado de busca e apreensão e, em depoimento, identificou suspeitos do crime.

Por Plox

24/08/2024 10h06 - Atualizado há cerca de 1 mês

Um dos sobreviventes do ataque a tiros que resultou em cinco mortes em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio de Janeiro, foi preso pela Polícia Militar na última quarta-feira (21), após fugir do hospital onde estava internado. Iran Martins de Brito Júnior, de 19 anos, foi baleado durante o incidente e, em seu depoimento à polícia, reconheceu os suspeitos envolvidos na chacina.

Foto: Reprodução de vídeo

Motivo da fuga do hospital

No dia do ataque, Iran foi levado para o Hospital Salgado Filho, no Méier, mas decidiu fugir devido a um mandado de busca e apreensão em seu nome. O mandado estava relacionado a um crime análogo a lesão corporal, cometido quando ele era menor de idade, aos 17 anos, envolvendo uma agressão à sua namorada. Iran também possui passagens por ameaça e está sendo investigado por envolvimento em dois homicídios, conforme apontado pela Delegacia de Homicídios da Capital.

Relato do ataque

Iran contou em depoimento que estava em um pagode na praça Barão de Drummond, conhecida como Praça Sete, na companhia de amigos, incluindo quatro dos mortos e pelo menos um dos feridos no ataque. Entre os amigos presentes estavam Gabriel Pereira Cândido, de 24 anos, Pedro Henrique Pereira dos Santos, de 18 anos (seu primo), Pedro Henrique Barbosa da Conceição, de 18 anos, Thailon Martins Lucas, de 17 anos, e Juan Victor Pereira, que também ficou ferido.

Iran relatou que por volta de 0h15, ele e seus amigos foram surpreendidos pela chegada de dois homens vestidos de preto, sendo um deles identificado como Carlos da Costa Neves, conhecido como "Gardenal", e o outro como Daniel Silva Porto, chamado de "Jiló". Segundo Iran, foi Jiló quem iniciou os disparos, primeiro contra Pedro Henrique Barbosa da Conceição, conhecido como Marreco, seguido de Gabriel, chamado de GB, Thailon, conhecido como Da Itália, e por último em Pedro Henrique Pereira, conhecido como P10.

Investigação e identificação dos suspeitos

As investigações apontam que Pedro Henrique Barbosa, o Marreco, era o principal alvo do ataque. Gardenal, identificado como um dos principais seguranças do tráfico no Complexo da Penha e integrante do Comando Vermelho, teria sido enviado para liderar o ataque devido ao conflito entre facções rivais na região. Jiló, por sua vez, seria um ex-traficante da Rocinha que passou a operar no Morro dos Macacos após deixar a facção para se aliar ao Comando Vermelho.

A Delegacia de Homicídios da Capital já identificou a participação de três criminosos na chacina e continua em busca de outros envolvidos.

Outros suspeitos identificados

Durante sua fuga após o início dos disparos, Iran afirma ter reconhecido o traficante Pedro Paulo Lucas Adriano do Nascimento, conhecido como Titauro, entre os homens da facção rival presentes na praça. Ele também revelou que foi convidado ao pagode por uma mulher, a qual descobriu naquela mesma noite que estava proibida de frequentar o Morro dos Macacos. Pouco antes dos tiros, a mulher teria passado com o celular na frente do grupo de amigos, levantando suspeitas de que estaria filmando os que seriam alvos do ataque.

Autorização da facção e resposta das autoridades

Na segunda-feira, o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Victor Santos, afirmou que o ataque foi autorizado pela cúpula do Comando Vermelho. "Houve a autorização da cúpula do Comando Vermelho para este ataque. A fatalidade não foi só a morte do traficante, mas também de outros inocentes que estavam nessa praça. O Comando Vermelho resolveu enfrentar a segurança pública do Rio de Janeiro com esse tipo de ataque, com vista à retomada de territórios", declarou Victor Santos.

Em resposta ao ataque, o secretário se reuniu com representantes dos setores de inteligência de diversos órgãos, incluindo a Polícia Militar, a Polícia Civil e a Secretaria de Administração Penitenciária, para discutir a transferência de mais de 10 líderes da facção para presídios federais. "Nossa intenção é individualizar a conduta de cada um deles e pedir a transferência desses presos que estão em presídios do Rio de Janeiro para presídios federais pelo Brasil", concluiu o secretário.

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