Condenado a 50 anos delegado que liderava esquema com traficante em MG

Rafael Gomes comandava grupo com policiais civis e advogados para blindar ações do tráfico em Juiz de Fora

Por Plox

24/08/2025 12h41 - Atualizado há 2 dias

O delegado Rafael Gomes de Oliveira, que atuava em Juiz de Fora, foi condenado a 50 anos, 6 meses e 8 dias de prisão por liderar uma organização criminosa formada por policiais civis, advogados e um narcotraficante, segundo sentença da Justiça em primeira instância.

Imagem Foto: Reprodução

  

A decisão foi proferida pelo juiz Daniel Réche da Motta, no âmbito da Operação Transformers, deflagrada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que investigou atos ilícitos na Delegacia de Narcóticos da cidade entre 2018 e 2022.



Conforme consta na sentença, Rafael Gomes chefiava o esquema ao lado do traficante Telcio da Silva Clemente. O grupo recebia propinas mensais para blindar as atividades criminosas de Telcio, com a participação ativa dos advogados Wilber Montezano de Mendonça e Wellington de Oliveira Lima, responsáveis por intermediar os pagamentos.



Um dos episódios citados na condenação foi a substituição de 17 barras de cocaína de alta pureza apreendidas por 19 barras de crack e uma de cocaína de baixa qualidade, em uma operação realizada em março de 2021. O objetivo era impedir a vinculação de Telcio ao laboratório desmantelado.



Gravações extraídas da nuvem de dados do traficante mostraram conversas entre ele e os demais envolvidos, incluindo o delegado Rafael Gomes, comprovando o esquema. Segundo o magistrado, ficou evidente que os policiais civis atuavam diretamente no tráfico, indo além da omissão de seus deveres.


Além de Rafael Gomes, outras nove pessoas foram condenadas:


– Rogério Marinho Júnior (inspetor): 37 anos e 7 meses – considerado braço direito de Rafael;


– Leonardo Gomes Leal (investigador): 13 anos e 1 mês – atuava nas investigações e recebimento de propina;


– Wilber Montezano de Mendonça (advogado): 29 anos e 9 meses – intermediador das negociações;


– Wellington de Oliveira Lima (advogado): 12 anos e 3 meses – entregava os valores ilícitos;


– Telcio da Silva Clemente (traficante): 21 anos e 8 meses – líder da quadrilha;


– Gustavo de Souza Soares (investigador): 16 anos e 4 meses – envolvido na troca de drogas;


– Thiago Nazário Machado (investigador): 16 anos e 4 meses – também participou da adulteração;


– Raphael Pereira Neto Luz (investigador): 16 anos e 4 meses – atuou na substituição dos entorpecentes;


– Alexandre Soares (investigador aposentado): 4 anos e 6 meses – pediu propina aos traficantes.



A Justiça apontou que os envolvidos cometeram graves desvios de função pública, manipulando provas, recebendo vantagens indevidas e favorecendo o tráfico de drogas.





Destaques