Dólar recua após aproximação entre Lula e Trump na ONU

O real ganhou força no mercado financeiro nesta terça-feira, 23 de setembro, após declarações de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, sobre sua relação com Luiz Inácio Lula da Silva. O republicano afirmou existir uma 'excelente química' entre os dois líderes, comentário que foi visto como sinal positivo para futuras negociações comerciais.

Foto: Presidência Casa Branca

Com isso, o dólar à vista recuou 1,11%, fechando em R$ 5,2791, o menor patamar desde 6 de junho de 2024. Analistas destacaram que a expectativa de um diálogo mais diplomático reduz incertezas e gera otimismo. "A declaração do Trump de uma química com o Lula foi a cereja do bolo para o comportamento do câmbio. Esse tom diplomático e mais amigável reduz qualquer incerteza no mercado e gera otimismo para os dois conversarem sobre o tarifaço", avaliou Glaucy Rosa Lima, gestora de câmbio da Fair Corretora.

O Palácio do Planalto confirmou que houve um encontro rápido e cordial entre os presidentes na Assembleia-Geral da ONU e que há possibilidade de uma conversa formal, por telefone ou videoconferência, já na próxima semana. O próprio Trump sinalizou interesse em dar andamento ao diálogo.

Além do fator político, a recuperação dos contratos futuros de petróleo, que subiram mais de 1% após quatro sessões em queda, ajudou a valorizar a moeda brasileira. No cenário internacional, falas de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, também influenciaram o mercado. Powell reconheceu enfraquecimento do emprego nos EUA e afastou qualquer interferência política no banco central americano, movimento que reduziu os juros dos Treasuries e abriu espaço para maior diferencial de juros entre EUA e Brasil, favorecendo o real.

No Brasil, a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou que, apesar da ausência de sinais imediatos para corte de juros, já há indícios de queda nas projeções de inflação. Já no campo fiscal, a arrecadação federal de agosto somou R$ 208,791 bilhões, abaixo das expectativas de mercado, mas sem comprometer a possibilidade de o governo atingir a meta estabelecida para 2025, segundo especialistas.

O conjunto de fatores — aproximação diplomática entre Brasil e EUA, cenário de petróleo e sinais econômicos globais — deu fôlego ao real e trouxe novo ânimo ao mercado financeiro brasileiro.