Política

Médica investigada por fraudes no INSS permanece em silêncio na CPMI

Thaísa Hoffmann foi ouvida por parlamentares, mas usou habeas corpus do STF e evitou responder sobre patrimônio e repasses milionários ligados à Previdência Social.

24/10/2025 às 08:40 por Redação Plox

A médica Thaísa Hoffmann, investigada pela Polícia Federal, prestou depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura suspeitas de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O depoimento à CPI do INSS, realizado nesta quinta-feira (23), se estendeu por cerca de oito horas. Thaísa, mulher de Virgílio Filho — ex-procurador-geral do órgão —, permaneceu em silêncio durante a maior parte do tempo, amparada por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Empresas associadas à médica Thaísa Hoffmann receberam aproximadamente R$ 11,9 milhões de indivíduos e grupos envolvidos com as associações sob investigação.

Empresas associadas à médica Thaísa Hoffmann receberam aproximadamente R$ 11,9 milhões de indivíduos e grupos envolvidos com as associações sob investigação.

Agência Brasil




Empresas ligadas à investigada receberam milhões

Segundo informações reunidas por membros da comissão, empresas ligadas a Thaísa receberam aproximadamente R$ 11,9 milhões de pessoas e grupos associados às entidades investigadas por fraudes no INSS. O repasse dos valores é atribuído a Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, que seria responsável por intermediar pagamentos ilícitos.

De acordo com documentos apresentados na CPMI, Thaísa aparece como sócia de empresas consideradas hubs de intermediação de pagamentos e circulação de valores suspeitos no esquema investigado.

Depoimento amparado pelo STF limita respostas

Durante a oitiva, Thaísa esteve acompanhada da mesma advogada que já representou seu marido. Munida do habeas corpus, ela se negou a responder à maior parte das perguntas dos parlamentares, alegando que todos os valores recebidos por ela e suas empresas seriam devidamente justificados à comissão e que os esclarecimentos necessários já haviam sido prestados à Polícia Federal.

A médica argumentou que sua atuação profissional inclui a produção de pareceres médicos para empresas relacionadas a Antônio Carlos e o desenvolvimento de pesquisas voltadas para aplicativos de saúde.

Imóveis e veículos de luxo levantam suspeitas

A CPI do INSS também questionou Thaísa sobre a compra de imóveis milionários feita por ela e pelo marido entre 2022 e 2024. Um dos destaques é um apartamento avaliado em R$ 28 milhões, localizado em Balneário Camboriú. Apesar de ter feito a reserva do imóvel, a compra foi cancelada neste ano após a construtora recorrer à Justiça diante do risco de “constrição judicial do imóvel”.

A Controladoria-Geral da União (CGU) identificou um crescimento patrimonial incompatível com a renda oficial do casal. Além dos imóveis, eles também adquiriram veículos de luxo, segundo apontam os relatórios apresentados à CPI.

Parlamentares sustentam tese de uso de laranja

No decorrer da sessão, senadores e deputados da comissão reforçaram a hipótese de que Thaísa Hoffmann seria utilizada como laranja pelo marido Virgílio Filho. Segundo os requerimentos, as empresas registradas em nome da médica teriam sido usadas para receber propinas das associações investigadas por descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS.

“Não podemos afirmar que a senhora realmente colocou a mão, operou, trabalhou, desviou. Mas, um fato é inconteste. As empresas em nome dela foram hubs societários e financeiros, receberam valores de intermediários ligados às associações e ao lobista Careca. É lamentável. Será que familiares da senhora, como seu esposo, usaram a senhora de laranja?” – senador Jorge Seif (PL-SC)

O avanço das investigações sobre as fraudes no INSS tem revelado laços financeiros e societários questionáveis entre os investigados e organizações criminosas responsáveis pelo desvio de recursos da Previdência.

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