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Venda do Maracanã entra em pauta na Alerj e pode render R$ 2 bilhões ao Rio

Projeto de lei discute a inclusão do Complexo do Maracanã na lista de imóveis à venda pelo governo do estado, visando evitar prejuízo e fortalecer imagem política de Bacellar.

24/10/2025 às 06:45 por Redação Plox

A inclusão do Complexo do Maracanã no projeto de lei que lista imóveis para venda pelo Governo do Rio de Janeiro tem sido vista por deputados como um movimento inicial para tornar o estádio mais lucrativo para os cofres públicos. Segundo apuração, a medida pode também transformar o Maracanã em um elemento de destaque nas próximas disputas eleitorais.

Proposta da Alerj visa a concessão do Maracanã.

Proposta da Alerj visa a concessão do Maracanã.

Foto: Divulgação/Governo do estado do Rio

Aprovação na Assembleia e articulações políticas

A relação de imóveis foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) na última semana. O presidente da CCJ, deputado Rodrigo Amorim, revelou que a ideia surgiu durante uma reunião com o presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Batista (Bap), o deputado Alexandre Knoploch e o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, pré-candidato ao governo do estado.

Tivemos uma reunião recente inclusive com o presidente do Flamengo no gabinete do presidente Rodrigo Bacellar. E é fundamental que o Estado dê uma destinação (ao estádio). – Rodrigo Amorim

O encontro reforçou a necessidade de dar um novo destino ao estádio, considerada estratégica pelos parlamentares envolvidos.

Maracanã pode evitar destino de “elefante branco”

As discussões utilizam como exemplo o estádio do Pacaembu, em São Paulo, que perdeu protagonismo após o Corinthians transferir seus jogos para Itaquera. Para os deputados, vender o Maracanã seria uma forma de evitar que o mesmo cenário se repita no Rio de Janeiro.

Não tem sentido a gente ter um elefante branco que o estado continue bancando. Ou vende o Maracanã ou faz uma concessão mais longa, enfim, alguma coisa tem que ser destinada. – Rodrigo Amorim

A preocupação com um possível “elefante branco” aumenta diante do projeto do Flamengo de erguer um estádio próprio, possibilidade considerada distante antes, mas que agora ganhou cautela sob a liderança de Bap.

Apesar de o projeto de estádio próprio do Flamengo apontar para uma inauguração apenas em 2036, a venda definitiva do Maracanã para o clube é vista como uma maneira de garantir uma casa para o time e, ao mesmo tempo, gerar ganhos políticos e financeiros. Para apoiadores de Bacellar, essa medida poderia fortalecer sua imagem vinculando seu nome ao estádio, em contraposição ao prefeito Eduardo Paes, além de potencializar a arrecadação do Estado.

Impacto financeiro e projeção eleitoral

Segundo estimativas dos deputados, a operação poderia render cerca de R$ 2 bilhões para os cofres públicos, valor inferior ao que seria necessário para construir uma nova arena, com a vantagem de o Maracanã já estar pronto e identificado com a história do Flamengo.

Especialistas ressaltam também o elemento eleitoral da iniciativa. A cientista política Mayra Goulart, da UFRJ, aponta que, mesmo após o afastamento de Bacellar do governador Cláudio Castro, o presidente da Alerj mantém movimentações importantes no cenário político e busca associar sua imagem à popularidade do Flamengo, reforçando um discurso de corte de gastos e eficiência na administração.

O Bacellar tem o desafio de se tornar conhecido. Ele vem do interior, é pouco conhecido. Paes e Bacellar estão tentando mobilizar a popularidade associada ao Flamengo para tentar ampliar seu capital político. Ele (Bacellar) dá ainda uma sinalização para um discurso de boa gestão, de corte de gastos, de redução da administração pública. – Mayra Goulart

Concessão atual e respostas dos envolvidos

O consórcio Fla-Flu, responsável atualmente pela concessão do estádio até 2044, afirmou que o contrato será cumprido até o final.


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