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Política
Brasil caminha para maior déficit nominal desde o Plano Real, aponta economista
Com dívida pública entre as mais altas entre emergentes e déficit nominal projetado entre 8,6% e 9% do PIB no terceiro mandato de Lula, país enfrenta círculo vicioso de juros elevados e deterioração fiscal.
24/12/2025 às 19:04por Redação Plox
24/12/2025 às 19:04
— por Redação Plox
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O Brasil atravessa um período de deterioração fiscal, marcado por um déficit permanente resultado da combinação entre descontrole dos gastos públicos e elevado endividamento. Análises econômicas apontam que a atual administração federal caminha para registrar o maior rombo nas contas públicas desde a estabilização da moeda com o Plano Real, em 1994.
Foto: Agência Brasil
Esse quadro de fragilidade é reforçado por dados internacionais que colocam o país como detentor da segunda maior dívida pública entre as economias emergentes, atrás apenas da China, o que amplia a preocupação com a sustentabilidade das contas públicas.
Déficit nominal se aproxima de recorde histórico
O economista Fabio Giambiagi chama atenção para a dimensão do problema ao tomar como referência o déficit nominal. Diferentemente do resultado primário — que considera apenas a diferença entre receitas e despesas do governo, sem incluir os custos da dívida —, o déficit nominal incorpora também o pagamento de juros da dívida pública, oferecendo um retrato mais completo da situação fiscal.
Como esse indicador engloba tanto juros quanto amortizações da dívida, períodos de juros elevados tendem a inflar o déficit nominal, como ocorre atualmente. Nessas circunstâncias, é comum que o governo atribua parte da responsabilidade pelo aumento do rombo à atuação do Banco Central e à manutenção da taxa básica em patamar alto. Nos últimos meses, o presidente da autoridade monetária tem sido alvo frequente de críticas de integrantes do governo, apesar de ter sido indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Juros altos também refletem risco fiscal
A condução das contas públicas, porém, é um dos principais determinantes do comportamento dos juros. O relaxamento fiscal da atual gestão contribui para manter a percepção de risco elevada, o que pressiona a taxa de juros e, por consequência, amplia de forma contínua o tamanho do rombo nominal. Trata-se de um círculo vicioso em que desequilíbrios fiscais alimentam juros altos, que por sua vez encarecem o serviço da dívida.
Terceiro mandato de Lula tende a liderar rombo
De acordo com a avaliação de Giambiagi, o déficit nominal médio da terceira gestão Lula deve se consolidar em torno de 8,6% a 9% do PIB, configurando o maior resultado negativo desde o Plano Real. Esse desempenho supera o observado em administrações anteriores e é atribuído, sobretudo, à expansão do gasto público sem a correspondente compensação via cortes de despesas ou ajustes estruturais.
Nesse cenário, o rombo projetado para o fim do atual mandato se desenha como um dos mais expressivos da história recente, consolidando um quadro de fragilidade fiscal que tende a desafiar as próximas gestões na tarefa de reconduzir a dívida pública a uma trajetória sustentável.