Pedras biliares de bois superam o valor do ouro e alcançam R$ 1,3 milhão por quilo
Mercado impulsionado pela medicina tradicional chinesa movimenta milhões e atrai atenção internacional e criminalidade.
Por Plox
25/01/2025 07h30 - Atualizado há 22 dias
As pedras na vesícula de bois, conhecidas como cálculos biliares bovinos, podem alcançar valores astronômicos, chegando a custar R$ 1,3 milhão por quilo. Valorizadas na medicina tradicional chinesa, essas pedras são vendidas por cerca de 230 dólares por grama (R$ 1,35 mil), mais do que o dobro do valor atual do ouro, que está na faixa de 97 dólares por grama (R$ 571).

Demanda chinesa impulsiona o comércio de cálculos biliares
A crescente demanda na China está diretamente ligada ao envelhecimento da população e ao aumento de doenças como hipertensão e obesidade, que ampliam a busca por ingredientes utilizados na medicina tradicional. Segundo o The Wall Street Journal, essa indústria já movimenta anualmente 60 bilhões de dólares (R$ 353 bilhões). A qualidade das pedras varia, sendo as castanhas as mais puras e, consequentemente, as mais valiosas, conforme explicou José de Oliveira, presidente da Oxgall, empresa brasileira especializada no comércio dessas pedras.
Informalidade e crimes relacionados ao mercado de pedras biliares
No Brasil, a extração e comercialização dos cálculos biliares não são ilegais, mas a atividade ocorre predominantemente na informalidade, atraindo crimes como contrabando e furtos. Em janeiro de 2025, um funcionário de frigorífico foi preso em Goiás por furtar uma pedra avaliada em R$ 13,5 mil. Um caso ainda mais significativo ocorreu em 2023, em Barretos (SP), onde três homens roubaram uma carga avaliada em R$ 2 milhões de uma empresa exportadora.
Produção das pedras e influência da alimentação
De acordo com estudos realizados pelo Instituto Mineiro de Agropecuária e pelo Instituto Federal Goiano, a formação de cálculos biliares nos bois está ligada à alimentação e ocorre principalmente em regiões com pastagem rica em elementos alcalinos. Além disso, a idade do animal é determinante: fêmeas apresentam mais pedras que machos, já que estes são abatidos mais cedo, reduzindo a chance de formação dos cálculos.
Controle rigoroso na extração nos frigoríficos
O processo de extração dos cálculos biliares segue normas rígidas. Mohanna Pagoto, auditora fiscal do Ministério da Agricultura, detalha que a vesícula biliar é cortada sob monitoramento constante de câmeras, impedindo que os funcionários tenham acesso ao conteúdo.
– No momento em que a vesícula é cortada, tem uma câmera filmando o funcionário. Toda a ação após o abate é filmada – explica a auditora.
Após o corte, o conteúdo da vesícula é transferido por tubulações para uma caixa trancada e supervisionada por seguranças, garantindo a segurança do material.