Collor é preso por corrupção e lavagem de dinheiro após decisão do STF

Ex-presidente foi detido em Maceió por envolvimento em esquema de R$ 20 milhões com contratos fraudulentos na BR Distribuidora

Por Plox

25/04/2025 08h27 - Atualizado há 3 dias

O ex-presidente Fernando Collor de Mello foi preso na madrugada desta sexta-feira (25) em Maceió, após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A prisão marca um novo capítulo na Operação Lava Jato, da qual Collor se tornou um dos alvos mais emblemáticos.


Imagem Foto: Agência Senado


A denúncia contra Collor, apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em 2015, revelou que ele teria recebido cerca de R$ 20 milhões em propinas entre os anos de 2010 e 2014. Os pagamentos teriam sido feitos em troca de sua influência na BR Distribuidora, hoje conhecida como Vibra Energia, à época uma subsidiária da Petrobras.


Utilizando seu poder político, Collor teria indicado e mantido diretores na estatal, assegurando que contratos fraudulentos com a empreiteira UTC Engenharia fossem aprovados. A partir dessa atuação, obras milionárias foram executadas no setor de combustíveis, com benefícios ilegais para os envolvidos.



Depoimentos de delatores da Lava Jato, incluindo o empresário Ricardo Pessoa, ex-presidente da UTC, serviram como base para sustentar a acusação. Segundo o STF, outros nomes participaram diretamente do esquema, como os empresários Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos e Luis Pereira Duarte de Amorim, ambos também condenados.


Durante as investigações, a Polícia Federal realizou buscas na residência oficial do ex-presidente, a “Casa da Dinda”, localizada em Brasília. Lá, encontrou veículos de luxo, como uma Ferrari, um Porsche e uma Lamborghini. Os carros estavam registrados em nome de empresas de fachada e, conforme os autos do processo, foram adquiridos com dinheiro oriundo do esquema criminoso.



A sentença imposta a Collor prevê 8 anos e 11 meses de prisão, além do pagamento de uma multa milionária. Ele foi ainda condenado a ressarcir a União em R$ 20 milhões e ficou inelegível por 17 anos e 8 meses — o dobro do tempo de sua pena privativa de liberdade.


Apesar de a condenação ter sido confirmada em 2023, a prisão só foi decretada agora, após o STF rejeitar os últimos recursos apresentados pela defesa. A ordem foi emitida por Moraes na noite de quinta-feira (24), levando à detenção de Collor horas depois.



Nesta sexta-feira, os 11 ministros do STF analisam, em sessão no plenário virtual, a manutenção da ordem de prisão. A votação começou às 11h e vai até as 23h59, podendo ser suspensa em caso de pedido de vista de algum dos magistrados.


A defesa de Collor, por sua vez, afirmou que recebeu com surpresa a decisão monocrática do ministro Alexandre de Moraes. Em nota oficial, destacou que
\"não houve qualquer decisão sobre a demonstrada prescrição ocorrida após trânsito em julgado para a Procuradoria Geral da República\"

e reiterou que o recurso apresentado era cabível.

Mesmo discordando da decisão, a defesa confirmou que o ex-presidente se apresentaria às autoridades para o cumprimento da pena, sem deixar de recorrer às medidas judiciais cabíveis.



A prisão de Fernando Collor o torna o terceiro ex-presidente da República a ser detido por envolvimento em esquemas de corrupção revelados pela Operação Lava Jato, reforçando o impacto duradouro da investigação na política brasileira.


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