Frei Chico é citado em operação contra fraudes no INSS

José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico e irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi citado em meio à repercussão da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU). A investigação mira um esquema de descontos associativos não autorizados aplicados em aposentadorias e pensões do INSS entre os anos de 2019 e 2024.

Frei Chico ocupa desde 2023 a vice-presidência do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos do Brasil (Sindnapi), uma das onze entidades sindicais sob investigação. O esquema, segundo apuração das autoridades, teria retirado ao todo R$ 6,3 bilhões dos beneficiários do INSS por meio de cobranças irregulares. Ainda não está claro qual parte desse valor foi efetivamente desviada de forma ilegal.

Embora não seja alvo direto da investigação, a posição de liderança sindical de Frei Chico no Sindnapi levou seu nome ao centro da discussão pública. Aos 83 anos, ele tem uma longa trajetória sindicalista e, em entrevista ao jornal Estadão, disse que está tranquilo.

“Nosso sindicato já foi auditado, estamos tranquilos. Eu espero que a Polícia Federal investigue de fato, porque tem muita entidade picareta por aí”

, declarou.

O escândalo gerou uma crise dentro do governo federal. A repercussão levou à exoneração de Alessandro Stefanutto, então presidente do INSS, cuja saída foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União, após ele já ter sido afastado por decisão judicial. O ministro da Previdência, Carlos Lupi, chegou a defender Stefanutto em entrevista, mas a decisão presidencial prevaleceu.

Além dele, outros cinco dirigentes do INSS foram afastados por ordem da Justiça Federal. A operação mobilizou ordens de busca e apreensão, sequestro de bens no valor de R$ 1 bilhão e seis mandados de prisão temporária em 13 estados e no Distrito Federal. Um agente da Polícia Federal lotado no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, também foi afastado por suposto envolvimento.

Em resposta à gravidade do caso, o ministro da CGU, Vinícius de Carvalho, anunciou a criação de um grupo especial para revisar o sistema de descontos em benefícios previdenciários. Ele também confirmou que, a partir de maio, todos os descontos associativos estão suspensos.

“Essa é uma prioridade do presidente Lula, garantir que os aposentados que foram lesados sejam restituídos os recursos que deles foram extraídos”, afirmou Carvalho, que também destacou a necessidade de encerrar todos os acordos de cooperação técnica firmados com entidades sindicais nos últimos anos.