Histórico de fraudes no INSS expõe rombos bilionários e operações constantes
Desde sua criação nos anos 90, o INSS acumula casos de golpes que somam bilhões em prejuízo aos cofres públicos
Por Plox
25/04/2025 11h18 - Atualizado há 3 dias
A nova operação da Polícia Federal, batizada de 'Sem Desconto', trouxe à tona um escândalo bilionário envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ao revelar descontos irregulares que somam até R$ 8 bilhões nas contas de aposentados e pensionistas em todo o país.

O escândalo culminou na saída do então presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, que havia assumido o cargo em julho de 2023, já em substituição a Glauco Wamburg, afastado por envolvimento na chamada 'farra das passagens'. Stefanutto, portanto, é mais um nome em uma longa lista de gestores envolvidos em casos suspeitos no comando do INSS.
A trajetória do INSS, criado oficialmente em 1990 a partir da fusão do Iapas com o INPS, é marcada por sucessivas fraudes e esquemas de desvio de recursos públicos. Ainda nos anos 90, Jorgina de Freitas se destacou como uma das maiores fraudadoras da história do órgão. Atuando como procuradora previdenciária desde 1988, ela participou de um esquema que forjava processos milionários, resultando em um desvio bilionário. Jorgina fugiu em 1992 após ser condenada e foi capturada apenas em 1998, na Costa Rica. Cumpriu 12 anos de prisão, perdeu o registro da OAB e foi condenada a devolver R$ 200 milhões ao erário. Morreu em 2022.
Mesmo após esse episódio emblemático, o INSS seguiu como alvo de ações criminosas. Casos emblemáticos incluem o esquema dos “mortos-vivos”, em que pessoas já falecidas tinham seus benefícios reativados, e os “idosos de aluguel”, em que identidades falsas eram criadas para garantir acesso aos pagamentos do BPC-Loas. Em Cubatão (SP), um médico teve seu carimbo falsificado para emissão de laudos fraudulentos.
Mais recentemente, além da 'Sem Desconto', outras operações ganharam destaque. Em Boa Vista (RR), venezuelanos eram cooptados ainda em seu país de origem, tinham documentos falsificados e conseguiam acesso ao BPC, retornando depois à Venezuela enquanto seguiam recebendo os valores.
Os arquivos da Polícia Federal apontam ao menos 10 operações contra o INSS apenas em 2025. No início de fevereiro, a 'Operação Mandatum' revelou falsificação de atestados médicos, gerando prejuízo de R$ 2,6 milhões. Dias depois, a 'Melhor Idade' identificou 285 identidades falsas usadas para acessar o BPC-Loas, causando rombo de R$ 23 milhões.
Em março, o ritmo continuou intenso. A 'Vovorica', no Maranhão, investigou reativação de benefícios e fraudes com empréstimos consignados. Já a 'Caça ao Tesouro' levou à prisão de nove pessoas no Rio de Janeiro por saques ilegais que somaram R$ 50 milhões. Em seguida, a 'Falsas Aparências' descobriu fraudes no Piauí, com sequestro de R$ 3 milhões em bens.
Outras ações que marcaram a história incluem:
- Em 2002, uma megafraude no Pará envolveu mais de 200 pessoas, incluindo servidores e advogados, e desviou mais de R$ 1 milhão.
- No ano de 2004, o esquema 'mortos-vivos' em Cuiabá resultou em 14 prisões e R$ 1,2 milhão de prejuízo.
- Já em 2007, em Minas Gerais, foram identificados 400 benefícios falsos, com um perito do INSS e até um falso bispo entre os presos.
- Em 2009, a 'Operação Zeppelin' prendeu 32 envolvidos em Sorocaba (SP), com prejuízo de R$ 5 milhões.
- Em 2010, uma rede de servidores e advogados no Rio de Janeiro atuava agilizando processos mediante propina.
- Em 2012, a 'Operação Licomedes' revelou concessões para mortos ou pessoas inexistentes. No mesmo ano, a 'Desmanche' e a 'Tornado' também resultaram em prisões no Maranhão e Mato Grosso.
- Já em 2021, a 'Operação Bússola' mostrou um esquema de aposentadorias rurais fraudulentas que causou um prejuízo identificado de R$ 55,8 milhões e evitou perdas de até R$ 623 milhões.
A lista de fraudes mais recentes inclui ainda a 'Operação Ribaldo' (fev/2025), que apurou falsificações no Tocantins, e a 'Rewind', no Ceará, em que um servidor reabriu processos negados para criar retroativos indevidos. Em março, a 'Vicarius' investigou o uso de documentos falsos no Rio Grande do Norte para contratar empréstimos com benefícios sequestrados.
Os golpes contra o INSS se sofisticaram ao longo do tempo, mas o objetivo central permaneceu o mesmo: desviar recursos públicos com a ajuda de falsificações, conluios e corrupção institucional
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