Volta às aulas em Belo Horizonte é criticada durante audiência na ALMG

"É difícil cumprir fielmente protocolos sanitários na educação infantil"

Por Plox

25/05/2021 16h38 - Atualizado há mais de 3 anos

Durante audiência pública da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta terça-feira (25), o retorno das aulas presenciais em Belo Horizonte foi criticado por profissionais e parlamentares. 

Segundo a diretora do Sindicato dos Trabalhadores da Rede Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede), Vanessa Portugal, as especificidades da educação precisam ser consideradas neste momento, porque essa área por si só promove um ambiente de contato.

Ela comentou que os números mais atuais dão conta de 45 trabalhadores contaminados em cerca de 30 unidades em Belo Horizonte, o que ainda pode estar subnotificado. Relatou, também, que as escolas, de modo geral, não têm amplo espaço aberto e as salas de aula são quentes, o que dificulta a ventilação. 

Foto: Luiz Santana/ALMG

“Além disso, conforme disse, é difícil cumprir fielmente protocolos sanitários na educação infantil, uma vez que crianças não fazem de modo adequado o uso das máscaras e a higienização das mãos”, disse. 

A diretora do sindicato comentou também sobre o sistema de bolhas. “A convivência em bolhas ocorre com um número menor de crianças e impede o contato com outros grupos. Mas, na capital, o professor da educação infantil pode passar por até seis bolhas na mesma semana”, contou.

Para Vanessa Portugal, o único motivo para o retorno às aulas neste momento se dá em função das escolas particulares. “Até entendemos porque muitas estão fechando as portas. Mas a solução não pode ser colocar as crianças em risco”, argumentou.  

A professora da Escola Municipal da Vila Pinho, Adriana Souza, enfatizou a mudança na política de enfrentamento à pandemia pela Prefeitura de Belo Horizonte. "Em vários momentos, o prefeito Kalil disse em suas coletivas que as aulas não retornariam na Capital enquanto a pandemia não ficasse em um patamar de 20 casos de Covid por 100 mil habitantes. Mas ele chamou essa retomada em abril deste ano quando havia 400 casos por 100 mil habitantes. Um absurdo”, lamentou.

A representante do Fórum Mineiro de Educação Infantil, Daise Aparecida Palhares Diniz Silva afirmou que é hora de discutir atividades remotas para a educação infantil. "Ninguém está realmente preocupado com as crianças, só querem o retorno presencial a qualquer custo”, reforçou.

A deputada Beatriz Cerqueira, que preside a comissão e solicitou a audiência, criticou o Governo Zema. "Como explicar que, no pior ano de nossas vidas, Zema investiu menos em saúde do que deveria? O que aconteceu com esse dinheiro? Falta responsabilidade”, afirmou. 

Outros parlamentares como a vereadora de Belo Horizonte, Iza Lourença, deputado Professor Cleiton, a deputada Andréia de Jesus também criticaram o retorno das aulas presenciais na capital mineira. 

Já os deputados Bartô e Laura Serrano apresentaram contrapontos sobre as críticas da volta às aulas. “Com instituições fechadas por mais de um ano, há estudos que falam de uma defasagem de 11 anos de aprendizagem”, disse a parlamentar. "Precisamos discutir como a escola funcionará e não se funcionará ou não”, afirmou Bartô.


 

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