Bonecos com certidão e teste do pezinho: artesã mineira vende 100 bebês reborn por ano

Criadora de Juiz de Fora inclui enxoval completo e documentos simbólicos em bonecos hiper-realistas que encantam o Brasil

Por Plox

25/05/2025 10h42 - Atualizado há 2 dias

Bonecos que imitam recém-nascidos, conhecidos como bebês reborn, têm ganhado visibilidade nas redes sociais e emocionado compradores em todo o Brasil. Com detalhes impressionantes, incluindo certidão de nascimento, ultrassom, teste do pezinho e até a marquinha da vacina BCG, essas criações despertam fascínio e levantam questões sobre seu impacto emocional.


Imagem Foto: Reprodução


Na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais, a artesã Priscila de Andrade se destaca pela produção desses bonecos hiper-realistas. Seu envolvimento com o universo reborn começou há uma década, quando sua filha Maytê, então com 6 anos, pediu um desses bonecos após vê-los em vídeos na internet. Desde então, o que começou como um hobby transformou-se em um negócio de sucesso.


Autodidata, Priscila aprendeu sozinha a criar cada bebê, um processo que inclui camadas de tinta, implantação de cabelos fio a fio e uso de materiais muitas vezes importados. A complexidade do trabalho justifica os preços, que variam de R$ 1.320 a R$ 2.100 por unidade.


Imagem Foto: Reprodução


Atualmente, a artesã produz cerca de 100 bebês por ano, com pico de demanda no fim do ano, especialmente no Natal. Ela chegou a fazer 40 bonecos sozinha em um único período de festas. Cerca de 60% das vendas são feitas para clientes da Zona da Mata mineira, incluindo cidades como Barbacena, Ubá e Leopoldina, mas já houve envios para estados como Acre e Maranhão.


Cada bebê criado é único, já que todo o acabamento é feito à mão. Priscila utiliza dois tipos de kits: nacionais, que chegam em até 20 dias, e importados, com prazo de até dois meses. O molde do rosto já vem pronto, mas pintura, implantação de olhos, cabelo e montagem são feitos por ela.



Os kits comercializados por Priscila são completos. Além dos documentos simbólicos, incluem itens como enxoval, chupeta e mantas. Recentemente, ela passou a disponibilizar versões mais acessíveis dos kits, democratizando o acesso ao produto. “Antes era só enxoval de luxo. Agora, ofereço opções mais simples, mas sem perder a experiência”, contou.


A artista vê os bebês reborn como um produto lúdico e artístico, enfatizando que a maioria de seus clientes são colecionadores ou entusiastas do universo. Para ela, o julgamento que recai sobre quem leva os bonecos à rua é fruto de preconceito. “É só um brinquedo”, afirma.



No entanto, a crescente popularidade dos reborns também trouxe à tona discussões sobre saúde mental. Segundo a psicóloga Valéria Figueiredo, o apego a esses bonecos pode estar ligado a experiências emocionais intensas, como luto, infertilidade, ou o chamado \"ninho vazio\".


Conforme a especialista, os reborns podem atuar como ferramenta terapêutica em diferentes contextos: no estímulo a pacientes com Alzheimer, como companhia para pessoas em situação de solidão e como apoio emocional em instituições de longa permanência para idosos. Contudo, ela ressalta que o uso deve ser monitorado quando interfere em relações sociais ou rotinas.


“Quando o vínculo com o boneco impede interações reais, pode indicar sofrimento psíquico. O reborn deve servir como apoio, não como substituto de relações humanas”, concluiu a psicóloga.



A produção minuciosa e a entrega personalizada dos bebês reborn de Priscila continuam encantando e despertando curiosidade por onde passam, refletindo o poder da arte e da sensibilidade no cotidiano.


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