Zema critica sigilos de Lula, mas mantém benefícios tributários em segredo

Em meio às críticas frequentes ao presidente Lula por decretar sigilos em informações do governo federal, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), também tem enfrentado questionamentos por manter em segredo dados relevantes sobre os benefícios tributários concedidos pelo seu governo ao setor empresarial.

Enquanto acusa o governo petista de impor sigilos de até cem anos sobre documentos, Zema administra uma gestão que, em 2025, prevê renúncias fiscais que alcançam a marca de R$ 22,7 bilhões. Esse valor ultrapassa, inclusive, o orçamento destinado à Secretaria de Educação, que deverá receber R$ 19,5 bilhões, sendo a pasta com maior volume de despesas no estado.

Apesar da promessa de transparência, a Secretaria da Fazenda de Minas Gerais não divulga publicamente os nomes das empresas ou setores que se beneficiam dessas isenções. Segundo a pasta, os dados são encaminhados aos órgãos de controle e estão disponíveis no site institucional, mas sem o detalhamento necessário para esclarecer quem são os principais beneficiários.

Na última quarta-feira (21), Zema publicou em suas redes sociais que, em Minas, \"tudo é claro, acessível e auditável\", referindo-se a obras públicas e viagens do governo.

\"Enquanto em Brasília o sigilo de 100 anos ainda é rotina, em Minas, transparência é regra\", afirmou o governador

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Essa postura contrasta com a ausência de informações detalhadas sobre as renúncias fiscais estaduais, tema que voltou à tona após o governo contingenciar R$ 1,1 bilhão do Orçamento e apresentar aos deputados estaduais um plano para renegociar a dívida de R$ 168 bilhões junto à União.

Em audiência recente na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a deputada Lohanna (PV) cobrou do vice-governador Mateus Simões (Novo) maior transparência nas isenções fiscais. Ela citou o exemplo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, que reduziu um terço dos benefícios fiscais no estado paulista.

Simões, pré-candidato ao governo estadual com apoio de Zema, declarou repulsa ao sigilo de informações e afirmou que pretende desenvolver um estudo para seguir o modelo federal de divulgação dos maiores beneficiários. $&&$\"Eu tenho horror, vou até usar uma palavra mais forte, nojo de sigilo. A gente só protege o malfeitor\"$, disse ele durante a audiência.

Os dados apontam ainda que, em comparação ao ano anterior, os benefícios tributários concedidos pelo governo mineiro aumentaram R$ 4,4 bilhões, já corrigidos pela inflação. Isso representa uma elevação na proporção da receita corrente líquida do estado, saltando de 12,31% em 2024 para 14,64% em 2025.

Zema também tem intensificado seu tom nas redes sociais, alinhando-se ao discurso de figuras da direita, como o presidente de El Salvador, Nayib Bukele. Em vídeo recente, ele afirmou que \"no Brasil, os criminosos muitas vezes estão dentro do governo\" e que o Estado brasileiro \"decidiu não combater o crime\".

A amplificação dessas críticas ocorre em um cenário de tentativa de Zema de ganhar projeção nacional, aproveitando a ausência de Jair Bolsonaro na disputa eleitoral por conta da inelegibilidade. A disputa política com Lula, especialmente com foco em Minas Gerais, tende a se intensificar nos próximos meses.