Corte do rabo de cães ainda é feito no Brasil, apesar de ser proibido e causar sofrimento
Apesar das leis e orientações contrárias, mutilação ainda ocorre por estética e desinformação
Por Plox
25/06/2025 07h46 - Atualizado há 13 dias
Apesar dos avanços nas políticas de proteção animal, uma prática antiga e dolorosa ainda resiste: o corte do rabo de cães, conhecido tecnicamente como caudectomia. Mesmo proibida por lei no Brasil, a mutilação continua a ser realizada, muitas vezes por estética ou tradição.

De acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), qualquer mutilação em animais sem justificativa terapêutica é proibida. Essa orientação segue os princípios da Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH), que destaca que a caudectomia só deve ser feita quando houver indicação clínica.
A legislação brasileira também é clara nesse sentido. A Lei nº 9.605/1998, que trata dos crimes ambientais, classifica como maus-tratos qualquer tipo de mutilação sem necessidade médica, prevendo sanções aos responsáveis.
Mesmo com a proibição, muitos tutores ainda optam pelo procedimento. Especialistas afirmam que o desconhecimento das leis, aliado à cultura estética que valoriza determinadas aparências em raças como Doberman e Boxer, contribui para a continuidade da prática. No passado, essas raças tinham o rabo cortado para evitar ferimentos durante o trabalho como cães de guarda, mas hoje esse motivo já não se sustenta diante das informações científicas disponíveis.
Marina Costa, médica-veterinária especializada em comportamento animal, explica que o corte pode gerar consequências graves, como infecções, dores crônicas e prejuízos à qualidade de vida dos animais. “Infelizmente, ainda há quem associe o rabo cortado à pureza da raça, o que não passa de um resquício cultural sem fundamento atual”, comenta.
Outro fator agravante é a influência de padrões estéticos ainda presentes em competições e no mercado de pets, onde o visual do animal é valorizado acima do seu bem-estar. Para combater essa realidade, profissionais defendem campanhas educativas e maior conscientização por parte dos tutores.
Fernanda Lima, veterinária da Associação Brasileira de Medicina Veterinária Comportamental, enfatiza: “É essencial que os tutores busquem informações corretas e evitem qualquer procedimento que não tenha respaldo terapêutico”.
Em diversos países da Europa, como Alemanha e Reino Unido, a prática é considerada ilegal, exceto quando há razões médicas. No Brasil, desde 2016, o CFMV reforçou oficialmente a proibição da caudectomia sem necessidade clínica.
O movimento em prol do bem-estar animal segue crescendo, mas especialistas concordam que o verdadeiro avanço virá com a conscientização social e o abandono definitivo dessa prática.