Brasil deixa grupo internacional de memória do Holocausto

Uma movimentação silenciosa do governo brasileiro causou desconforto em Israel nesta quinta-feira (24). Segundo informações da chancelaria israelense, o Brasil, sob o comando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decidiu retirar-se da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), entidade criada nos anos 1990 com o objetivo de combater o antissemitismo em nível global.

Foto: Presidência

A atuação do Brasil na aliança vinha desde 2021, quando o país passou a integrar o grupo como membro observador. No entanto, sem emitir qualquer nota oficial ou explicação pública, a diplomacia brasileira se afastou da iniciativa, o que gerou críticas por parte do Ministério das Relações Exteriores de Israel.

A revelação da saída ocorreu no contexto de uma manifestação de insatisfação por parte de Israel, motivada pelo apoio do Brasil à ação judicial da África do Sul, que acusa o governo israelense de práticas de genocídio na Faixa de Gaza. Esse posicionamento brasileiro intensificou os atritos diplomáticos entre os dois países, que já vinham se agravando desde o retorno do petista ao Palácio do Planalto.

Fontes ligadas à embaixada israelense em Brasília relataram ao portal Metrópoles que o Itamaraty não comunicou as razões da decisão nem deu sinais prévios de que se retiraria da IHRA. Os funcionários, que falaram sob anonimato, afirmaram que a ausência de justificativas formais causou surpresa e preocupação entre diplomatas israelenses.

\"Sob condição de anonimato, funcionários com conhecimento sobre o assunto alegam que o Itamaraty não informou os motivos para a saída\"

Desde o início do atual mandato, Lula vem protagonizando embates verbais com o governo de Israel, principalmente devido às críticas direcionadas à atuação militar israelense na região de Gaza. A decisão de se desligar da IHRA, embora ainda não confirmada oficialmente pelo governo brasileiro, representa mais um capítulo na já conturbada relação diplomática entre os dois países.

O silêncio do Planalto e do Itamaraty sobre o assunto reforça a percepção de uma mudança de posicionamento do Brasil em relação a temas internacionais sensíveis, como a memória do Holocausto e a defesa dos direitos humanos em cenários de conflito.