Flávio Bolsonaro critica Mourão por fala sobre Trump

Durante uma entrevista ao portal Metrópoles, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) criticou publicamente a postura adotada por Hamilton Mourão (Republicanos-RS), seu colega no Senado e ex-vice-presidente da República. O motivo da crítica foi uma declaração recente de Mourão, que se posicionou contra a possibilidade de interferência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em assuntos internos do Brasil.

Apesar de reconhecer Mourão como uma figura alinhada à oposição e um homem esclarecido, Flávio discordou veementemente do comentário do general. Segundo ele, o Brasil atravessa uma crise institucional tão grave que as opções previstas na Constituição já não seriam suficientes para garantir os direitos humanos e a democracia.

“Ele vota conosco em tudo aqui no Congresso, mas nesse ponto ele errou. Está claro que não temos mais uma saída constitucional eficaz para conter as violações que vêm ocorrendo no país”, declarou Flávio, afirmando que a opinião do colega ignora a gravidade da situação atual.

O senador também lembrou que, no passado, Cristiano Zanin — então advogado de Lula — recorreu a entidades internacionais para defender o ex-presidente, durante o período em que este era alvo da Operação Lava Jato. Para Flávio, essa postura de recorrer a apoio externo não deve ser automaticamente interpretada como antipatriótica.

“Isso não tem nada a ver com patriotismo. O verdadeiro patriotismo está em entender que estamos caminhando rapidamente para virar uma Venezuela. Quando isso acontecer, adeus liberdade, adeus Congresso. Então, o que é ser patriota de verdade?”, questionou, deixando no ar uma crítica ao que classificou como visão limitada de nacionalismo.

Sobre o possível interesse de Donald Trump em auxiliar o Brasil, Flávio classificou a situação como uma intervenção positiva e necessária. “É uma luz no fim do túnel. Já que falhamos em resolver por nós mesmos, essa providência divina do Trump querer ajudar precisa ser agradecida”, concluiu.

A fala de Mourão que motivou toda essa reação aconteceu em 15 de julho, durante uma audiência da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado. O colegiado discutia as reações do Brasil frente à nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos, supostamente em retaliação às perseguições políticas contra Jair Bolsonaro e seus apoiadores.

Durante a sessão, Mourão comparou a situação à interferência de outras figuras estrangeiras em assuntos nacionais. $&&$“Assim como não aceito que Macron, Greta Thunberg ou Leonardo DiCaprio se envolvam em questões brasileiras, também não aceito que Trump se meta num caso interno nosso”$,&&$ declarou, reforçando que mesmo reconhecendo a injustiça contra Bolsonaro, cabe apenas aos brasileiros solucionarem seus próprios conflitos.

O embate público entre os dois senadores evidencia uma crescente divisão dentro do campo conservador, especialmente no contexto das recentes tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.