Blitz da Lei Seca caem 40% em SP e acendem alerta sobre acidentes
Fiscalizações despencam na capital paulista, enquanto testes de bafômetro caem 15% em 2024; especialistas alertam para risco maior nas vias
Por Plox
25/08/2025 15h10 - Atualizado há cerca de 2 meses
O número de operações da Lei Seca realizadas pela Polícia Militar em São Paulo apresentou uma queda superior a 40% entre os anos de 2023 e 2024.

A redução na fiscalização também impactou diretamente na quantidade de testes de bafômetro aplicados: houve 15% menos testes no mesmo período. Especialistas consideram que essa diminuição contribui para o aumento de acidentes e mortes nas ruas e avenidas da capital.
Durante o último fim de semana, a equipe da TV Globo percorreu aproximadamente 200 quilômetros entre as noites de sexta-feira, sábado e a madrugada de domingo, passando pelas principais vias e bairros boêmios da cidade. No entanto, foi encontrada apenas uma blitz, localizada na Rua Tuiuti, no bairro do Tatuapé, Zona Leste da capital.
Apesar da baixa visibilidade, a Polícia Militar informou que realizou 39 operações no período, com 3.282 motoristas submetidos ao teste do etilômetro e 276 condutores autuados.
Segundo o coronel Marcos Rogério da Cunha, comandante do policiamento de trânsito da PM, a queda no número de blitz está relacionada a uma mudança de foco. Ele afirmou que a fiscalização passou a priorizar motociclistas, que hoje representam metade das mortes no trânsito de São Paulo.
“Direcionamos parte das ações da Lei Seca para motociclistas, sem prejuízo aos demais indicadores”, explicou o coronel em entrevista ao Bom Dia São Paulo.
Para o professor e pesquisador de Engenharia de Transportes da Unicamp, Luiz Vicente Figueira de Mello, a menor presença das blitz aumenta os riscos. “A ausência de fiscalização resulta em mais acidentes, mortes e feridos, afetando diretamente a vida de muitas famílias”, afirmou.
A toxicologista Paula Carpes reforçou que não há quantidade segura de álcool para quem pretende dirigir. “Mesmo pequenas doses comprometem o sistema nervoso e os reflexos. Uma simples lata de cerveja já pode causar problemas”, alertou.
A Secretaria da Segurança Pública destacou, em nota, que as operações são planejadas para ocorrer nos horários e locais de maior probabilidade de consumo de álcool por motoristas, especialmente em corredores que conectam áreas boêmias da capital.
A pasta acrescentou que “as ações reforçam o compromisso com a segurança e preservação de vidas”.
O impacto da imprudência no trânsito é sentido diretamente por famílias como a de Andréa Peres Barbosa. Seu filho, Kaíke Peres Santana, de 16 anos, foi morto em agosto do ano passado, na região da Brasilândia, Zona Norte da capital, quando ele e o amigo Heros Alcondas Abreu, de 15, foram atropelados por um motorista embriagado enquanto caminhavam na calçada rumo a um jogo de futebol.
“Meu filho era estudioso e sonhava em ser cardiologista. Naquele dia, ele só queria jogar bola. Um motorista bêbado acabou com tudo”, lamentou Andréa.
O condutor, Sérgio Roberto de Paula, foi liberado após audiência de custódia mediante pagamento de fiança e ainda aguarda julgamento.