Ministério da Saúde aloca 501 médicos especialistas pelo SUS

Profissionais atuarão em mais de 200 municípios de todas as regiões do país, priorizando áreas com maior vulnerabilidade e carência de atendimento especializado

Por Plox

25/08/2025 16h55 - Atualizado há 1 dia

Em um esforço para combater a desigualdade regional no acesso à saúde especializada, o Ministério da Saúde revelou, nesta segunda-feira (25), os primeiros resultados do edital que visa reforçar a presença de médicos especialistas no Sistema Único de Saúde (SUS). Ao todo, 501 profissionais foram distribuídos em 258 unidades de saúde espalhadas por 212 municípios brasileiros, contemplando todos os estados e o Distrito Federal.


Imagem Foto: Agência Brasil


A escolha dos locais priorizou áreas onde os pacientes enfrentam grandes distâncias para conseguir atendimento, além de regiões com estrutura adequada já disponível, como salas cirúrgicas e equipamentos de diagnóstico. Com isso, 336 especialistas foram encaminhados ao interior, 129 para regiões metropolitanas, 59 para cidades da Amazônia Legal e 32 para a faixa de fronteira. Além disso, 138 médicos atuarão em localidades classificadas como de alta vulnerabilidade.



Segundo o Ministério, a seleção dos profissionais considerou três critérios principais: a baixa presença de especialistas em comparação com a média nacional, a necessidade de reduzir longos deslocamentos para atendimento e a infraestrutura das unidades de saúde receptoras.


O processo seletivo registrou 993 inscritos, dos quais aproximadamente metade foi convocada nesta primeira chamada. Os demais permanecerão em lista de espera para futuras alocações. Entre os selecionados, 26% atuavam exclusivamente na rede privada antes de ingressar no SUS. O tempo médio de formação dos médicos gira em torno de 12 anos, e a maioria já possuía título de especialista.


As áreas mais concorridas foram ginecologia, com 185 inscritos; cirurgia geral, com 106; anestesiologia, que recebeu 93 candidaturas; além da otorrinolaringologia, que também teve alta procura. Apesar do elevado número de ginecologistas no país, o índice brasileiro (14 por 100 mil habitantes) ainda está abaixo da média da OCDE (17 por 100 mil).



Para incentivar a atuação em áreas remotas, os profissionais receberão bolsas mensais de acordo com a vulnerabilidade da região onde forem alocados: R$ 20 mil para 138 especialistas, R$ 15 mil para 188, e R$ 10 mil para 175 médicos. A carga horária será de 20 horas semanais, sendo 16 de atendimento direto e quatro horas dedicadas à mentoria.


Uma das mudanças já percebidas com a chegada dos novos especialistas foi registrada em Patos, na Paraíba. Recentemente, um serviço de oncologia foi habilitado na cidade, permitindo ampliar em 30% a capacidade local de atendimento e reduzir em até 400 km o deslocamento de pacientes que antes precisavam viajar longas distâncias para tratamento.



O programa conta com a colaboração direta de secretarias estaduais e municipais de saúde, hospitais universitários federais, CONASS e CONASEMS. A escolha das áreas prioritárias envolveu secretários municipais, o que, de acordo com o Ministério, representa um avanço em relação a estratégias anteriores.


A formação dos profissionais será acompanhada pela Emiser, entidade responsável por criar metodologias pedagógicas, ambientes virtuais de aprendizagem, diários de campo e portfólios reflexivos.


O Brasil dispõe atualmente de 75 mil vagas em residência médica e outras 26 mil em áreas da saúde, com um investimento total de R$ 5 bilhões, dos quais R$ 3,8 bilhões são voltados exclusivamente para residência médica. No entanto, a expansão desordenada de cursos de medicina nos últimos anos gerou um descompasso: foram criadas mais de 20 mil vagas sem critérios claros, ao passo que 60 mil pedidos foram barrados.


Essa situação contribuiu para o aumento de médicos generalistas, sem que houvesse uma expansão proporcional nas vagas para formação de especialistas.


O cronograma do programa prevê a divulgação do resultado final no dia 10 de setembro de 2025. Entre os dias 11 e 18 do mesmo mês, os médicos deverão se apresentar às unidades de saúde. Já em outubro, será lançado um novo edital com foco em 500 especialistas em Medicina de Família e Comunidade, coordenado pela Fundação Carlos Chaves de Nerá.



Outra novidade anunciada é a previsão de criação de até 3.000 novas bolsas de residência médica para 2026. Apesar dos desafios, como preencher vagas de baixa procura (como radioterapia e patologia) e garantir a permanência dos médicos nas regiões mais remotas, o Ministério considera os resultados até agora positivos.


“A alocação de 54 anestesistas em regiões do interior é um marco e deve estimular outros profissionais a seguirem o mesmo caminho”

, afirmou um representante da pasta.

O governo também garantiu que os contratos do programa possuem respaldo jurídico, e que a MP3 — medida provisória que regulamenta a iniciativa — está sendo bem recebida no Congresso Nacional, com votação prevista até o fim de setembro.


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