Economia

Setor aéreo brasileiro enfrenta alta de custos e atrasos em entregas

Companhias acumulam R$ 67,2 bilhões em despesas em 2024, pressionadas pelo dólar, IOF e dificuldades na renovação da frota

25/08/2025 às 13:18 por Redação Plox

Depois de anos tentando se reerguer no período pós-pandemia, o setor aéreo brasileiro ainda lida com dificuldades que vão além da alta no preço do combustível. Companhias aéreas acumulam pressão financeira diante do câmbio elevado, do aumento no IOF e dos atrasos na entrega de novas aeronaves.


Imagem Foto: Pixabay

De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), somente em 2024, os custos com serviços somaram R$ 67,2 bilhões, crescimento de 11,3% em comparação ao ano anterior. Despesas com seguros, arrendamentos e manutenção responderam por 18,9% desse total, ficando atrás apenas do querosene de aviação (QAV), precificado em dólar.


O presidente da Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (Alta), Peter Cerdá, alerta que a competitividade do Brasil está ameaçada. Ele explica que os prazos para entrega de aeronaves narrowbody já superam 6,5 anos na região, o que dificulta a renovação das frotas. Além disso, segundo ele,
a liberação de peças pode demorar até dez dias na alfândega brasileira, enquanto em países vizinhos ocorre em apenas dois ou três dias

Leonardo Fiuza, presidente da TAM Aviação Executiva, afirma que o setor ainda enfrenta atrasos de fabricantes, embora a situação seja menos grave que no auge da pandemia. “Ainda não está totalmente normalizado”, disse.


Outro ponto de preocupação é o IOF. Após decisão do STF em julho, a alíquota sobre remessas internacionais foi elevada, o que atinge diretamente contratos de leasing e manutenção de aeronaves. A Associação Brasileira das Companhias Aéreas (Abear) estima que a mudança terá impacto de R$ 600 milhões em 2025. Segundo a entidade, o setor tem hoje 60% de seus custos indexados ao dólar.


Adalberto Febeliano, especialista em aviação civil e ex-diretor da Azul, destaca que a valorização da moeda americana agrava os custos. Ele lembra que passagens vendidas meses antes acabam não cobrindo a alta do câmbio, que chegou a R$ 6,20 no fim de 2024.


Além do câmbio e do IOF, as companhias também enfrentam um gasto crescente com processos judiciais. A Abear projeta que, neste ano, as ações contra as empresas ultrapassem R$ 1 bilhão. Em 2024, essas condenações representaram 1,3% das despesas totais.


Nos últimos anos, Gol, Latam e Azul entraram com pedidos de Chapter 11 — o equivalente à recuperação judicial nos Estados Unidos. O caso mais recente é o da Azul, que em maio de 2025 iniciou o processo, esperando concluir até o fim do ano.


O setor aéreo brasileiro, portanto, segue pressionado por custos bilionários e desafios logísticos, enquanto as companhias aguardam soluções do governo para reduzir o peso tributário e retomar maior competitividade internacional.


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