Venezuela convoca donas de casa e aposentados para enfrentar os EUA
Além do registro, os voluntários passaram por salas de instrução que incluíam exibições de documentários históricos,
Por Plox
25/08/2025 10h11 - Atualizado há 1 dia
Milhares de civis, incluindo aposentados, donas de casa e servidores públicos, compareceram no sábado (23) aos centros de alistamento montados em diversas regiões da Venezuela, atendendo ao chamado do presidente Nicolás Maduro. A convocação faz parte de uma mobilização nacional para enfrentar o que o governo classifica como ameaças por parte dos Estados Unidos.
A iniciativa inclui o registro na Milícia Bolivariana — grupo civil vinculado às Forças Armadas — e acontece em meio à aproximação de navios militares americanos em águas internacionais próximas à costa venezuelana. Segundo os EUA, a movimentação faz parte de uma operação contra o narcotráfico. Caracas, no entanto, vê a ação como uma tentativa de desestabilização do regime.

Centros de alistamento foram instalados em locais simbólicos, como o Palácio de Miraflores e o antigo museu militar conhecido como Quartel da Montanha, de onde o ex-presidente Hugo Chávez coordenou a tentativa de golpe em 1992.
Milícia com milhões de integrantes, segundo Maduro
Durante a campanha, voluntários expressaram entusiasmo e nacionalismo. “Estou aqui para servir ao nosso país”, disse à AFP o auditor aposentado Óscar Matheus, de 66 anos. Já Rosy Paravabith, de 51, afirmou: “Temos que nos preparar e continuar resistindo”.
Apesar de não haver dados atualizados sobre o tamanho atual das Forças Armadas, estimativas do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) indicam que, em 2020, o contingente chegava a 343 mil integrantes — número superado na América do Sul apenas por Brasil (762 mil) e Colômbia (428 mil). Maduro, por sua vez, declarou que a Milícia Bolivariana já ultrapassa os 4,5 milhões de membros.
Treinamento simbólico e discurso ideológico
Além do registro, os voluntários passaram por salas de instrução que incluíam exibições de documentários históricos, como o bloqueio europeu à Venezuela no início do século XX, e explicações técnicas sobre armamentos. Em alguns pontos, oficiais apresentaram o equipamento disponível e instruíram os recém-alistados sobre seu uso e finalidade.

Resposta às acusações americanas
O aumento da recompensa oferecida pelos Estados Unidos por Nicolás Maduro e as acusações contra ele de liderar o suposto "Cartel dos Sóis" — grupo classificado como organização terrorista por Washington — elevaram ainda mais a tensão.
O presidente venezuelano reagiu com críticas duras à presença militar americana no Caribe, classificando-a como “imoral, criminosa e ilegal”, e acusando os EUA de buscarem uma mudança de regime no país.
Em defesa da mobilização, o ministro da Defesa, Vladimir López, afirmou à emissora estatal VTV: “Vamos defender esta pátria até o nosso último suspiro”.
Apesar das críticas da oposição, que pediu à população que ignore o chamado ao alistamento, as filas nos centros de registro mostraram adesão de cidadãos de diversas faixas etárias e ocupações.