Na tarde desta quinta-feira (25), o ministro Luís Roberto Barroso conduziu sua última sessão ordinária como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O momento, marcado por homenagens e balanço de sua gestão, foi também um discurso em defesa da democracia e da importância do Supremo como guardião da Constituição de 1988.
Foto: STF A transmissão da presidência da Corte será realizada na próxima segunda-feira (29), quando o cargo passará oficialmente a Edson Fachin, em cerimônia no Palácio do STF, em Brasília.
Durante sua fala, Barroso afirmou que encerra o período à frente do tribunal com “a bênção de ter servido ao país”. Ele ressaltou que, apesar das pressões políticas e dos desafios pessoais enfrentados pelos ministros, o Supremo teve papel essencial na preservação da estabilidade institucional. O ministro destacou que a atuação da Corte foi decisiva na proteção dos direitos de mulheres, pessoas negras, população LGBT, indígenas e cidadãos com deficiência.
“Esse é o papel do Supremo, mesmo em tempos difíceis”
, disse.
A sessão foi marcada por manifestações de reconhecimento de colegas e autoridades. O decano Gilmar Mendes elogiou a coragem e a serenidade de Barroso nos momentos mais tensos, enquanto o procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, destacou sua firmeza na defesa das instituições democráticas. Outros ministros ressaltaram a condução de pautas sensíveis em sua gestão, período em que discussões sobre o protagonismo judicial ganharam força.
Nem todos os integrantes da Corte estiveram presentes. A ausência de Nunes Marques e André Mendonça, representantes da ala conservadora do tribunal e frequentemente posicionados de forma contrária a Barroso em temas relevantes, chamou atenção.
Ao se despedir, Barroso agradeceu magistrados e servidores do Judiciário em todo o país, lembrando da dedicação de juízes que enfrentam grandes desafios, como percorrer dias de barco para chegar às comarcas mais isoladas. Em suas palavras finais, ressaltou o orgulho de ter compartilhado a missão de defender a democracia em um país “complexo, mas fascinante, que todos amamos”.
Assim, sua gestão, que se estendeu de 2023 a 2025, terminou sob aplausos e em clima de reconhecimento, mas também com ausências simbólicas que evidenciam os contrastes internos da Corte.