Minas Gerais acelera duplicação de rodovias em Mariana com aporte bilionário

Após quase uma década do desastre em Mariana, o Governo de Minas Gerais deu início a ações efetivas de reparação com o lançamento, nesta segunda-feira (25/11), de uma consulta pública para o projeto de concessão rodoviária na região. A principal obra prevista é a duplicação de um trecho estratégico da BR-356, que conecta Mariana à BR-040, além de melhorias significativas nas rodovias MG-262 e MG-329. Essas intervenções beneficiarão tanto o trânsito quanto o desenvolvimento socioeconômico da área, com um investimento total de aproximadamente R$ 5 bilhões, dos quais R$ 2 bilhões são provenientes do acordo indenizatório firmado no Novo Acordo de Mariana.

Investimentos e impacto na BR-356 e outras rodovias

O projeto prevê a duplicação de 67 quilômetros da BR-356 e a criação de 39 quilômetros de faixas adicionais nas MG-262 e MG-329. Outras melhorias incluem a readequação de 64 quilômetros de acostamentos, construção de contornos viários, passarelas e correções de curvas críticas. Ao todo, serão abrangidos 187,3 quilômetros de extensão.

Além das obras estruturantes, R$ 2,4 bilhões serão destinados à manutenção contínua e à prestação de serviços aos usuários. Entre os novos serviços estão socorro médico em até 30 minutos, guinchos leves e pesados, e remoção de animais das pistas, demandas cruciais para aumentar a segurança viária.

Regiões e municípios beneficiados

Os trechos beneficiados cortam 11 municípios: Nova Lima, Rio Acima, Itabirito, Ouro Preto, Mariana, Acaiaca, Barra Longa, Ponte Nova, Urucânia, Piedade de Ponte Nova e Rio Casca. O projeto foi estruturado pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) em parceria com o Banco Interamericano de Investimento (BID) e faz parte do Programa de Concessões Rodoviárias da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra).

Acelerando prazos e reduzindo custos

As mudanças implementadas no Novo Acordo de Mariana permitiram reduzir significativamente os prazos de conclusão. As duplicações, anteriormente previstas para serem finalizadas em 18 anos, agora serão entregues em até cinco anos, desde que obtidas as licenças ambientais, esperadas no segundo ano de contrato. Além disso, o modelo atualizado reduz os custos operacionais e prevê pedágios mais acessíveis para os usuários.

Desenvolvimento econômico e segurança viária

O governador Romeu Zema destacou o impacto positivo das obras:

As intervenções na BR-356 e outras rodovias vão trazer desenvolvimento, segurança e conforto para quem vive e trafega por essa região. Esse é um acordo que não apenas repara, mas transforma o futuro das comunidades atingidas.

O secretário de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parceria, Pedro Bruno, também enfatizou os benefícios do projeto:

Quem trafega de Belo Horizonte a Mariana sabe o desafio que é. Com a duplicação e outras melhorias, garantiremos maior tranquilidade e segurança para motoristas e moradores.

Reparação e justiça após a tragédia

O Novo Acordo de Mariana é considerado o maior acordo socioambiental do mundo, com R$ 132 bilhões destinados à reparação. A tragédia de 2015 causou danos incalculáveis, deixando 19 mortos e impactos severos ao Rio Doce, que percorreu mais de 600 quilômetros até o Espírito Santo.

Após anos de negociações envolvendo os governos de Minas Gerais e Espírito Santo, a União e mineradoras, o acordo foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no início de novembro de 2024. As obras nas rodovias são apenas uma parte das ações que beneficiarão diretamente a Bacia do Rio Doce e as comunidades afetadas.

Consulta pública e envolvimento da sociedade

A consulta pública permite que a população e partes interessadas apresentem sugestões e demandas para aprimorar o projeto. As contribuições reforçam o compromisso do governo em alinhar as ações de reparação às necessidades reais dos moradores e usuários das rodovias.

Essa iniciativa marca um importante passo para reconstruir a infraestrutura e a confiança das comunidades afetadas, reafirmando o compromisso do estado com justiça, segurança e desenvolvimento.