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Política
Hugo Motta rompe com líder do PT na Câmara e expõe crise de confiança
Após semanas de atritos que envolveram acusações de cumplicidade, disputa pelo relator do projeto Antifacção e divergências sobre pautas econômicas, presidente da Câmara afirma não ter mais interesse em manter relação com Lindbergh Farias, que reage e chama postura de imatura.
25/11/2025 às 09:41por Redação Plox
25/11/2025 às 09:41
— por Redação Plox
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O desgaste entre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (RJ), deixou de ser um embate restrito aos bastidores e passou a se tornar público. Entre discursos duros do petista e respostas atravessadas de Motta, o relacionamento vinha se deteriorando há semanas em reuniões de líderes e no plenário, mas sem um rompimento declarado. Agora, o presidente da Câmara não faz mais segredo de que as relações com o líder do PT estão cortadas.
Hugo Motta durante sessão no plenário
Foto: Foto: Agência Câmara
Reunião de bancada e acusações de “cumplicidade”
A gota d’água teria ocorrido na quinta-feira, 20, após vir à tona que o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) votava nas sessões da Câmara mesmo estando nos Estados Unidos, para onde embarcou diante da iminência de sua prisão por participação em uma trama golpista.
Motta foi informado de que, em uma reunião de parte da bancada petista, tanto Lindbergh quanto o deputado Rogério Correia (PT-MG) teriam defendido que o partido o classificasse como “cúmplice de Ramagem”. Segundo o relato que chegou à presidência da Câmara, a proposta teria sido endossada por outros petistas presentes na conversa.
Na mesma quinta-feira, Motta se irritou com uma postagem de Correia nas redes sociais que, em sua avaliação, confirmava o teor do encontro. A publicação afirmava que a Mesa Diretora da Câmara teria ignorado o paradeiro de Ramagem e permitido que ele votasse nas sessões. Após ser cobrado diretamente por Motta, Correia apagou o texto e gravou um vídeo pedindo desculpas ao presidente da Casa e à Câmara pela ilação.
Ampliação da crise e impacto no Planalto
Para Motta, no entanto, o recuo não bastou. Irritado, ele não apenas confrontou Correia como também passou a se queixar de Lindbergh ao líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). Nos bastidores, o presidente da Câmara sinalizou que o conflito com o líder petista já começava a contaminar a relação com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que é casada com Lindbergh.
Aliados de Lindbergh e pessoas próximas ao líder do PT negam que a reunião para tratar de Motta, nos termos relatados, tenha ocorrido. O presidente da Câmara, porém, mantém a versão de que foi informado por petistas justamente no momento em que a conversa estaria acontecendo.
Escolha de relator e acusação de “furto” de projeto
Os atritos entre Motta e Lindbergh se intensificaram após a indicação do deputado Guilherme Derrite (PP-SP), aliado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para relatar o projeto de lei Antifacção, de autoria do governo federal. Lindbergh reagiu dizendo que o presidente da Câmara teria contribuído para o “furto” do projeto por Derrite, o que ampliou o mal-estar.
Em reunião de líderes, Motta respondeu afirmando que não seriam “bravatas” ou campanhas na internet que o fariam recuar da escolha do relator. Desde então, o ambiente entre o presidente da Câmara e o líder do PT se deteriorou ainda mais.
Relações cortadas: as razões do rompimento de Motta com o líder do PT
Nesta segunda-feira, 24, em entrevista à Folha de S.Paulo, Motta afirmou que já não tinha interesse em manter relação com Lindbergh. O líder do PT reagiu nas redes sociais e classificou a atitude do presidente da Câmara como “imatura”, resgatando episódios em que o governo teria se sentido traído por ele.
Lindbergh citou, entre os pontos de atrito, a derrubada do IOF, a PEC da Blindagem e a escolha de Guilherme Derrite como relator de um projeto de autoria do Poder Executivo. O petista afirmou que sempre atuou de forma clara e coerente e que, se há uma crise de confiança, ela se deve às escolhas de Motta.
Sempre atuei de forma clara e com posições coerentes, nunca na surdina e erraticamente, como agiu o presidente da Câmara na derrubada do IOF, na PEC da Blindagem e na escolha do deputado Guilherme Derrite como relator de um PL de autoria do Poder Executivo.
Lindbergh Farias
Na avaliação do líder do PT, caso exista uma ruptura de confiança entre o governo e o comando da Câmara, a responsabilidade recairia sobre Motta, não sobre a bancada petista.
Crise também atinge o Senado
O embate entre Motta e o PT e a crise política com o Planalto são apenas uma face do conflito que se abriu entre o governo e o Congresso na última semana. No Senado, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), sentiu-se traído pelo líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), após a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo aliados de Alcolumbre, o desconforto surgiu porque, desde a abertura da vaga, Wagner informava que o presidente Lula estava decidido a indicar Messias, o que teria reduzido a margem de negociação para emplacar o nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), aliado de Alcolumbre, para o posto.
Jaques Wagner diz não saber as razões do afastamento, que ficou explícito na semana passada, após a confirmação oficial de Messias. Ele relata que ligou para Alcolumbre e para Pacheco, mas não foi atendido por nenhum dos dois, reforçando o cenário de crise aberta entre Planalto e cúpula do Congresso.
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