Autismo no Brasil: desafios e perspectivas no tratamento e diagnóstico
O TEA afeta cerca de 2 milhões no país, com enfoque em diagnóstico precoce e tratamentos eficazes
Por Plox
25/12/2023 12h27 - Atualizado há mais de 1 ano
Cerca de 2 milhões de pessoas no Brasil são afetadas pelo Transtorno do Espectro Autista (TEA), segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Este distúrbio neurológico, caracterizado por dificuldades de comunicação, interação social e comportamentos repetitivos, demanda atenção especializada e um diagnóstico precoce para um tratamento mais eficaz.
O TEA, uma condição permanente sem cura, manifesta-se de maneira diversa em cada indivíduo. De acordo com especialistas, a maioria dos casos tem origens genéticas, embora fatores externos como complicações na gestação também possam contribuir. A neuropsicóloga Joana Portolese, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, destaca a importância da observação de sintomas como atrasos na fala e na linguagem, bem como sensibilidades sensoriais em crianças pequenas.
A intervenção precoce é fundamental. Claudia Romano, doutora em psicologia experimental e coordenadora de pós-graduação na PUC-SP, enfatiza que um diagnóstico e tratamento na primeira infância melhoram significativamente as chances de desenvolvimento e autonomia do indivíduo. Entretanto, estudos revelam que o diagnóstico no Brasil ocorre tardiamente, muitas vezes apenas aos quatro ou cinco anos de idade, conforme apontado por Cristiane de Paula, coordenadora de pós-graduação da Universidade Mackenzie.
O tratamento do autismo inclui uma abordagem multidisciplinar, envolvendo fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional. Pesquisas indicam a eficácia de tratamentos baseados na Análise do Comportamento Aplicada (ABA), que melhoram habilidades sociais e controle de impulsos e agressividade. A quantidade de sessões varia conforme a necessidade do paciente, com indicações de até 40 horas semanais em casos mais graves.
Além disso, o tratamento para autismo é contínuo, e, em alguns casos, inclui medicação para controle de sintomas específicos. O aumento global no diagnóstico de TEA, conforme estudos recentes, é atribuído à maior conscientização e acesso a serviços diagnósticos. No Brasil, a demanda crescente por tratamentos tem criado desafios para planos de saúde e exigido profissionais mais qualificados.
Especialistas, como citados pela Folha de S.Paulo, sugerem a necessidade de uma linha de cuidado específica para estabelecer parâmetros de terapias e formação dos profissionais. A ABPMC (Associação Brasileira de Ciências do Comportamento) lançou a certificação Caba-BR, visando definir padrões de formação para profissionais na metodologia ABA.
Este panorama sobre o TEA no Brasil ressalta a importância de diagnósticos precoces e abordagens terapêuticas eficientes para melhorar a qualidade de vida de pessoas com autismo e suas famílias.