Policiais rodoviários federais do Rio atiram em família e deixam jovem em estado gravíssimo

Estudante foi baleada na cabeça durante abordagem na BR-040; PRF admitiu erro e PF investiga o caso.

Por Plox

25/12/2024 22h24 - Atualizado há 6 meses

O que deveria ser uma celebração natalina transformou-se em um pesadelo para uma família em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Na véspera de Natal, policiais rodoviários federais dispararam contra o carro da família na Rodovia Washington Luís (BR-040), deixando a jovem Juliana Leite Rangel, de 26 anos, em estado gravíssimo. A estudante de enfermagem foi atingida na cabeça e passou por uma cirurgia para a retirada do projétil.

Foto: Reprodução / redes sociais 

O pai da vítima, Alexandre Rangel, descreveu o momento aterrorizante: "Eles ligaram a sirene, já liguei a seta para encostar, já vieram com bala em cima." A mãe, Dayse Luci Leite Rangel, relembrou a confusão: "De repente, a gente sentiu umas coisas batendo na gente como se fosse vidro. Foi muito tiro, gente, foi muito tiro, foi muito mesmo."

Policiais afastados após admitirem disparos

Os três agentes da PRF envolvidos no caso foram afastados de suas funções. Em depoimento, admitiram os disparos, alegando que ouviram tiros e deduziram que vinham do carro da família. "Eles falaram que nós atiramos neles. Como assim, se a gente estava indo para a ceia, o carro completamente cheio de comida?", questionou indignada a mãe de Juliana.

Histórico de violência na mesma região

Esse não é um incidente isolado. Desde 2023, outras famílias foram vítimas de abordagens violentas por parte da PRF na mesma rodovia. Em junho de 2023, Anne Caroline do Nascimento morreu após policiais dispararem oito vezes contra o carro em que estava com o marido. Em setembro, uma menina de três anos, Heloísa, foi atingida em outro ataque que envolveu três tiros de fuzil contra o veículo da família.

Reações e investigação federal

A Polícia Federal assumiu a investigação do caso. O superintendente da PRF no Rio de Janeiro, Vitor Almada, classificou a abordagem como "totalmente equivocada e fora dos padrões de treinamento". Ele enfatizou que nada justifica o que ocorreu. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, reforçou a importância do decreto publicado pelo Governo Federal no mesmo dia, que disciplina o uso de armas de fogo pelas forças policiais. A norma estabelece que disparos só devem ocorrer como último recurso e nunca contra pessoas desarmadas, regra que foi flagrantemente desrespeitada pelos agentes.

Dor e indignação

A família de Juliana passou a noite de Natal no hospital, marcada pela tristeza e revolta. "Eles não deram ordem de parada, não quiseram saber quem estava dentro do carro. Indignação total", declarou o tio, Washington Barreto Leite. O pai de Juliana expressou sua incredulidade: "Pensei que o carro da Polícia Rodoviária Federal fosse de bandidos. Um policial não iria fazer isso."

O caso segue gerando comoção e questionamentos sobre os procedimentos e preparo das forças policiais no Brasil.

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