Facebook e Instagram removem fotos de crianças Yanomami desnutridas por "nudez"

Desde janeiro deste ano, imagens de crianças Yanomami desnutridas vêm circulando no Brasil e no exterior, sendo um fato jornalístico relevante e embasando a ação do governo federal em relação a essa população. No entanto, postagens no Facebook e no Instagram de links de textos jornalísticos com essas fotos estão sendo removidas das plataformas sob a alegação de que não seguem os padrões da comunidade sobre "nudez" e "atividade sexual". Mesmo após apelação dos usuários, as imagens permanecem fora das redes.

Um usuário da plataforma reclamou sobre a remoção da foto das crianças Yanomami desnutridas e se questionou se havia uma discriminação com esse tema em comparação com outras postagens de nudez, fake news e discursos de ódio. Outro usuário que apelou contra a decisão de remoção das fotos de crianças indígenas desnutridas por nudez ao Comitê de Supervisão do Facebook teve a reclamação negada.
A nudez indígena é um tema que gera polêmica na plataforma. O Ministério da Cultura ameaçou ir à Justiça contra o Facebook por conta do bloqueio de uma fotografia de 1909 que mostra uma indígena com seios expostos. A conta da Funai também foi bloqueada por sete dias por uma foto de indígenas Waimiri Atroari com seios à mostra. Um especial do fotógrafo Sebastião Salgado, publicado no jornal Folha de S.Paulo, com fotos de indígenas parcialmente nus, teve seu compartilhamento impedido pela plataforma.

Pablo Ortellado, professor do curso de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo, avalia que é preocupante que as políticas da Meta não consigam separar pedofilia de denúncias da fome e da doença em comunidades indígenas e que é necessário haver regulação por parte do Estado. A remoção dessas fotos de crianças Yanomami desnutridas gerou uma discussão importante sobre a moderação de conteúdo nas plataformas e a necessidade de diferenciar imagens jornalísticas de forte interesse público de outras formas de nudez impróprias.