Um recente estudo realizado pelo Science Museum Group, com financiamento do Creative Industries Policy and Evidence Centre, demonstrou uma notável mudança na paleta de cores dos objetos ao nosso redor, direcionando-se cada vez mais para tonalidades neutras. Analisando mais de 7.000 fotografias de itens do cotidiano, desde o início do século XIX até a atualidade, a pesquisa identificou uma predominância crescente de cores como preto, branco e cinza, em detrimento de cores mais vibrantes.

A investigação, que percorreu 21 categorias de objetos, incluindo tecnologia, iluminação e eletrodomésticos, apontou para uma evolução nas preferências cromáticas que começou a se acentuar no século XX. Além disso, destacou uma diminuição significativa de cores quentes, como amarelo e marrom, paralelamente ao aumento dos tons acinzentados.

Claudio Paixão, doutor em psicologia social e professor na Universidade Federal de Minas Gerais, sugere que essa transição não é meramente estética, mas também reflete mudanças nos materiais de fabricação, como a substituição da madeira pelo plástico, e variações culturais e emocionais na percepção das cores. Ele destaca como, historicamente, momentos de adversidade ou euforia social influenciaram as expressões artísticas e as escolhas cromáticas das pessoas, exemplificando com o movimento pré-rafaelita e a vivacidade dos anos pós-guerra.

Além disso, Paixão menciona um estudo sobre a escolha de filtros no Instagram, relacionando-a com os estados emocionais dos usuários, para ilustrar como as cores podem expressar sentimentos e experiências culturais distintas. Essa mudança para um espectro mais neutro, portanto, pode também indicar um refinamento na percepção visual, permitindo que detalhes sutis ganhem destaque em meio a uma paleta de cores mais contida.