Médico critica cirurgias plásticas feitas em permuta com influenciadores digitais

“Atualmente existe uma desvalorização da saúde, sempre em busca do menor preço ou de uma parceria de esquina”, disse Bernardo Ramalho

Por Plox

26/03/2019 09h59 - Atualizado há cerca de 5 anos

Muita gente deve se perguntar como as influenciadoras digitais conseguem fazer tantas cirurgias plásticas e por que trocam tanto as próteses de silicone. O cirurgião plástico Bernardo Ramalho, especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, acredita que a maioria delas é feita em troca de divulgações nas redes sociais e que isto é um risco para elas e para os seguidores que acabam sendo influenciados.  O médico pontua as medidas necessárias para uma operação com menores riscos.

“Para maior segurança e diminuir os riscos, é fundamental escolher um cirurgião renomado, especialista em cirurgia plástica (credenciado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), operar em hospital que tenha CTI, e fazer o procedimento em centro cirúrgico e com anestesista. E no caso das próteses de silicone, colocar (escolher) uma prótese de qualidade (boa marca). 

Vemos muitas blogueiras e digital influencers recuperando as mamas, pois a maioria faz por parceria com o médico. Muitas não sabem se o mesmo é um bom profissional, se a marca da prótese que irá colocar é boa ...e pior, ainda influenciam as pessoas a fazerem o mesmo. Atualmente existe uma desvalorização da saúde, sempre em busca do menor preço ou de uma parceria de esquina”, analisa.

 Ramalho diz que próteses de silicone não precisam ser trocadas.

“Antigamente, era recomendado a troca a cada 10 anos. Porém necessitam de uma reoperação, caso haja algum problema (como contratura capsular, ruptura ou infecção)”, explica o médico, que ainda alerta para o perigo de próteses de grande volume de silicone:

 “Elas provocam absorção de tecidos adjacentes (inclusive de parte óssea, quando colocadas atrás da musculatura). No Brasil, a maioria dos cirurgiões plásticos optam por colocar os implantes subglândulares (na frente do músculo)”.

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O médico faz um alerta sobre a influência das “influenciadoras digitais”/foto: divulgação

 Cirurgias não indicadas

Segundo Ramalho, algumas cirurgias plásticas não deveriam ser realizadas. E que, em alguns casos, para evitar riscos e frustrações, o melhor é não realizar o procedimento.

“Cerca de 30% das pacientes que pretendem operar, eu nego as cirurgias. Ou pelo excesso de peso ou devido a expectativa irreal do resultado que a plástica pode oferecer. Não existe mágica”

O cirurgião afirma que não é tão simples reparar uma plástica mal sucedida.

“Sem dúvidas, a primeira cirurgia sempre será mais simples do que as cirurgias subsequentes (secundárias ou terciárias). Isso ocorre devido a fibrose, que são cicatrizes “internas” que todas as cirurgias provocam. Logo na primeira vez que a paciente vai operar, o plano anatômico está intacto. A partir da segunda cirurgia, já com a fibrose, o plano anatômico está modificado dificultando o cirurgião. Por isso, é importante escolher bem o cirurgião plástico, para operar apenas uma vez”, completa.

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