Os sinais que o PIB tem emitido para Educação

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Polos de Ensino a Distância, resquícios da crise respingam no setor da educação

Por Plox

26/03/2021 15h24 - Atualizado há mais de 3 anos

A notícia da queda do PIB em 4,1 % no ano passado, de acordo com Bernardo Knabben, presidente da Associação Brasileira de Polos de Ensino a Distância (ABPolos) emite sinais para a área de educação. Essa caída representou para o Produto Interno Bruto o pior resultado desde o ano em que o governo confiscou as cadernetas de poupanças, em 1990 e o PIB despencou para 4,35 %

Apesar da expressiva queda, o resultado se estabeleceu acima da expectativa do mercado. Pelas previsões das instituições financeiras, a queda ficaria um pouco acima de 4,2 %. A Educação sentiu o tombo do PIB, já que está inserida no setor de serviços que registram uma queda de 4,5 %.

Atitudes empreendidas para refrear a Covid-19, como o fim - pelo menos momentaneamente - das aulas presenciais, possibilitaram o desaquecimento da área da educação e criaram grande preocupação para escolas e universidades. Diante desse cenário, a reflexão fica: o que se pode aprender dessa situação e o que o futuro promete para o setor?

De primeira, a lição que o setor educacional precisa aprender é que ele deve se reinventar - e de preferência de forma rápida. Segundo Knabben, que não se crie ilusões com a chegada da vacina aos brasileiros: mesmo alcançando a todos, ela não restaurará a saúde da economia de tempos mais prósperos. Para aqueles que depositaram sua energia para apostar em plataformas e promover a capacitação de professores, as aulas online serviram para desativar a resistência dos estudantes, deixando claro que a tecnologia veio somente para acrescentar e não para estabelecer um muro entre professores e alunos. Mas especialistas alertam: mesmo contando com a sorte de ver o PIB crescer em breve, o setor educacional não vai mais repetir os bons resultados do passado.

Outro recado dessa situação é o geracional. Para ressurgir das cinzas, as empresas da educação precisam entender o desafio que se apresenta diante delas: compreender a geração Z, a primeira que surgiu em cenário 100 % digital e reverter isso em um ponto a favor. Bem, são cerca de 70 milhões de brasileiros que entendem a linguagem digital, sem contar com nenhuma herança de como se comportava o mundo antes do advento da internet. Games, redes sociais entre outros são sistemas familiares para todo um grupo de estudantes, sendo a interatividade essencial para eles. Essa realidade faz os especialistas chegarem à conclusão que seria uma tática pouco inteligente tirar o estudante de seu ambiente para ministrar uma aula, pois torná-la chata é uma possibilidade muito grande.

A pandemia tem sim, segundo Knabben, uma grande contribuição para queda do PIB no setor educacional, mas ela não deve ser a única responsabilizada por essa caída. Os recados do desempenho baixo da economia só afirmam que o comportamento da área de educação já era obsoleto antes do vírus, a crise só veio a acentuar essa realidade. A dica principal que Knabben dá é a necessidade de lançar um novo olhar para a forma que são gestadas as empresas de educação, pois está nas mãos delas a formação do país no futuro.

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