Conselho autoriza farmacêuticos a prescrever remédios e irrita médicos
Nova resolução do CFF permite que farmacêuticos com especialização prescrevam certos medicamentos a partir de abril, gerando forte reação da classe médica
Por Plox
26/03/2025 10h11 - Atualizado há 5 dias
A decisão do Conselho Federal de Farmácia (CFF) de autorizar farmacêuticos a prescreverem determinados medicamentos gerou uma forte reação da classe médica. A medida, oficializada por meio da resolução 5/25, entra em vigor em abril e permite que farmacêuticos com certificação de especialista em farmácia clínica realizem prescrições.

O CFF argumenta que a nova norma visa suprir lacunas no sistema de saúde, especialmente nas áreas de clínica básica e medicina de família. O Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF-MG), em nota à rádio Itatiaia, esclareceu que a permissão não abrange medicamentos controlados nem aqueles que exigem notificação de receita, como os de tarja preta. Ainda segundo o CRF-MG, a atuação do farmacêutico nesse contexto busca complementar o atendimento, reduzindo a automedicação e promovendo o uso mais seguro dos medicamentos.
No entanto, o Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) se posiciona contra a medida. Ricardo Hernane, presidente do órgão, afirma que a prescrição de medicamentos deve permanecer como responsabilidade exclusiva do médico. Ele ressalta que “repetir receita é uma coisa, mas prescrever exige mais do que simplesmente indicar um remédio. O diagnóstico é uma prerrogativa médica”.
Hernane alerta ainda para os riscos de automedicação e possíveis erros na prescrição, mesmo em remédios de venda livre como dipirona e paracetamol, que também podem causar efeitos adversos. Para ele, o compartilhamento de atribuições entre categorias profissionais pode gerar conflitos, prejudicando inclusive o próprio paciente.