Lula cobra ação global sobre clima e critica novo conflito em Gaza durante visita ao Japão

Presidente menciona descumprimento de acordos ambientais e lamenta fim de cessar-fogo na Faixa de Gaza; Brasil e Japão firmam 10 acordos bilaterais

Por Plox

26/03/2025 11h19 - Atualizado há 5 dias

Durante sua visita oficial ao Japão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a chamar a atenção para o agravamento da crise climática global e para a recente escalada de violência na Faixa de Gaza. Em seu discurso no encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Japão, ao lado do primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, nesta quarta-feira (26), Lula fez críticas diretas ao descumprimento de acordos internacionais voltados à preservação ambiental e lamentou a ruptura do cessar-fogo na região do Oriente Médio.


Imagem Foto: Presidência


O presidente destacou que o mundo enfrenta atualmente “uma situação política difícil, uma situação econômica complicada e muita insensibilidade na relação política dos Estados”. Ele relembrou acordos históricos como o Protocolo de Kyoto, firmado em 1997, e o Acordo de Paris, adotado em 2015, apontando que muitos dos compromissos firmados foram abandonados. Sem citar diretamente países, Lula mencionou que algumas nações já desistiram das metas estabelecidas, numa possível referência aos Estados Unidos durante o governo Trump.



No discurso, Lula também expressou preocupação com o cenário político internacional, observando a ascensão da extrema direita em países antes considerados estáveis e democráticos. Ele citou a Europa como exemplo, dizendo que, após anos de paz, a guerra na Ucrânia provocou uma retomada dos investimentos em armamentos no continente.


O presidente brasileiro reforçou a gravidade da situação na Faixa de Gaza, lamentando a morte de civis e citando a prisão recente de um cidadão brasileiro em Israel. Para Lula, a violação do cessar-fogo representa mais um capítulo preocupante na série de desrespeitos aos direitos humanitários, e reforçou o apelo por uma resposta rápida da comunidade internacional. Ele ainda afirmou que o tema deverá ser discutido em encontros multilaterais, como a COP 30 e a cúpula do G20 na África, previstas para novembro.



Na parte diplomática e comercial da viagem, Brasil e Japão celebraram a assinatura de 10 acordos bilaterais e cerca de 80 instrumentos de cooperação com instituições acadêmicas e de pesquisa. A meta, segundo Lula, é intensificar as parcerias em áreas estratégicas como segurança alimentar, transição energética, enfrentamento à mudança climática, combate ao desmatamento e prevenção de desastres naturais.


O presidente também ressaltou que o comércio entre os dois países, atualmente em US$ 11 bilhões, não reflete o potencial das duas economias. A expectativa é retomar o patamar de US$ 17 bilhões, registrado em 2011, ampliando inclusive os investimentos em combustíveis e em parcerias industriais.


Lula ainda abordou a situação dos 211 mil brasileiros que vivem no Japão, destacando a necessidade de inclusão de cerca de 30 mil crianças e adolescentes no sistema público de ensino japonês. Ele solicitou ao primeiro-ministro Ishiba o fortalecimento do ensino da língua japonesa entre a comunidade brasileira.



Por fim, o presidente afirmou que a visita marca um novo patamar na relação entre os dois países, que completam 130 anos de laços diplomáticos em 2025. Ele destacou o papel do Japão como exemplo de desenvolvimento econômico, científico e tecnológico, e disse que o Brasil busca aprender com a experiência japonesa para investir cada vez mais em educação, ciência e inovação.



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