Moraes exibe vídeo dos atos de 8 de janeiro: 'Nenhuma bíblia, nenhum batom é visto'
Ministro do STF confronta discurso da direita ao apresentar imagens da violência durante os ataques golpistas em Brasília; julgamento pode atingir Bolsonaro
Por Plox
26/03/2025 11h54 - Atualizado há cerca de 1 mês
Durante a sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), realizada nesta quarta-feira (26/3), o ministro Alexandre de Moraes apresentou um vídeo com imagens dos atos violentos registrados em 8 de janeiro de 2023. O objetivo foi demonstrar, de forma clara, a materialidade dos crimes cometidos durante a tentativa de golpe que resultou na depredação dos prédios dos Três Poderes, em Brasília.

Moraes, relator da denúncia, criticou com veemência a narrativa propagada por setores da direita que minimizam ou negam a violência dos ataques. Ele afirmou que ninguém estava ali por acaso: “Não houve um domingo no parque. Tudo estava bloqueado, e foi necessário romper barreiras policiais. Ninguém estava passeando”.
O ministro destacou que a ação foi planejada e violenta. Policiais tentaram resistir à invasão, mas foram agredidos, e houve episódios como o de um agente que foi retirado do cavalo e atacado brutalmente. Ele mencionou ainda o esgotamento de munições não letais utilizadas pelas forças de segurança para conter os golpistas e impedir que processos sigilosos fossem destruídos.
Em sua fala, Moraes relembrou também eventos anteriores, como os atos violentos em Brasília no dia 12 de dezembro de 2022, durante a diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva, e a tentativa de atentado com uma bomba nas proximidades do aeroporto da capital federal.
Referindo-se a um dos símbolos utilizados pela direita para justificar anistia, o ministro citou o caso da cabeleireira Débora Rodrigues Santos, que escreveu “Perdeu, mané” com batom vermelho na Estátua da Justiça e foi condenada a 14 anos de prisão. “Se isso não é violência, o que seria?”, questionou, ressaltando que o que se viu foi uma guerra campal, com depredação e agressão a servidores públicos. “Nenhuma bíblia é vista, nenhum batom é visto. Agora, a depredação ao patrimônio público e o ataque à polícia são vistos”, completou.
O julgamento atual na Primeira Turma do STF avaliará se há elementos suficientes para transformar em ação penal a denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A acusação envolve 34 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, apontados por participar ou estimular os atos antidemocráticos.
Segundo a PGR, Bolsonaro tinha conhecimento e participou ativamente da trama golpista para impedir a posse de Lula. A denúncia também menciona a existência de um plano para assassinar o presidente eleito, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio Moraes. Os atos de 8 de janeiro seriam, conforme a acusação, a última tentativa de execução desse plano.
A decisão do STF nesta fase é determinar se o caso tem elementos suficientes para o prosseguimento da ação penal.