Petroleiros fazem greve e pressionam Petrobras por mudanças

Sindicatos ligados à FUP (Federação Única dos Petroleiros) e à FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) iniciaram nesta quarta-feira (26) uma greve nacional de 24 horas. O movimento é uma reação contra diversas medidas adotadas pela Petrobras, incluindo a redução dos dias permitidos em regime de home office e a diminuição da Participação nos Lucros e Resultados (PLR).

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A mobilização ganhou força com a adesão de aproximadamente 200 trabalhadores da Regap (Refinaria Gabriel Passos), localizada em Betim (MG), que suspenderam as atividades. A paralisação está concentrada nas instalações terrestres da companhia, com maior impacto previsto em escritórios, refinarias, termelétricas e terminais de logística.

Na lista de exigências estão ainda o aumento do número de funcionários, a criação de um plano de carreira unificado, melhorias nas condições de trabalho para prestadores de serviço e o equacionamento do déficit do plano Petros, além da previdência complementar privada dos empregados.

Eduardo Henrique, secretário-geral da FNP, destacou que a redução do home office tem sido um dos principais pontos de insatisfação. Segundo ele, desde abril, os funcionários que antes trabalhavam dois dias presenciais por semana passarão a comparecer três vezes, o que gerou revolta. A insatisfação com essa mudança já havia motivado outra paralisação, também de 24 horas, em fevereiro.

Cibele Vieira, diretora da FUP, criticou a gestão da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, pela falta de diálogo com os trabalhadores. Ela reforça que o objetivo da greve é restabelecer canais de negociação. “Queremos construir uma boa relação entre trabalhadores e empresa”, afirmou.

A Petrobras respondeu que a mudança no modelo híbrido está alinhada ao seu plano estratégico e que propôs um acordo com validade de dois anos. A empresa garante que vai cumprir o acordo da PLR para o biênio 2024/2025 e que já convocou mais de 1.900 novos empregados em 2024, com previsão de contratar outros 1.780 neste ano.

A estatal também anunciou que poderá ativar um plano de contingência, como costuma fazer em paralisações, para garantir a manutenção das atividades essenciais. Esse tipo de medida envolve profissionais de cargos de confiança, chefia ou direção, que assumem funções operacionais temporariamente.

Vídeos e relatos nas redes sociais também impulsionaram o debate. Uma funcionária da Petrobras, Luciana de Frontin, viralizou ao criticar a nova política de trabalho presencial. Segundo ela, a empresa não apresentou dados que comprovem prejuízos com o trabalho remoto.

Além disso, os sindicatos condenam a política de dividendos adotada pela estatal. Em fevereiro, a Petrobras anunciou a distribuição de mais R$ 9,1 bilhões aos acionistas, elevando o total de 2024 para R$ 75,8 bilhões.

A última greve com características semelhantes foi em 26 de fevereiro deste ano, quando trabalhadores administrativos cruzaram os braços por um dia. Já em 2020, uma paralisação durou 20 dias e foi motivada pelo fechamento da fábrica Araucária Nitrogenados, no Paraná, durante a gestão de Roberto Castello Branco. Naquela ocasião, cerca de mil demissões foram previstas.

Segundo as federações, a FUP representa 25 mil trabalhadores e opera 61% das unidades da Petrobras, enquanto a FNP cobre 80% da produção nacional e conta com mais de 50 mil profissionais em sua base.